Sylvia Wachsner, diretora da Sociedade Nacional de Agricultura e entusiasta do setor orgânico falou ao Planeta Orgânico sobre a Incubadora de Negócios SNA, que trará apoio aos empreendedores e empresas, que necessitem atingir um nível técnologico-gerencial mais moderno e competitivo.

Os focos da incubadora são: áreas de agronegócios, zootecnia e veterinária (aprimoramento de raças, segurança alimentar e qualidade dos alimentos), agricultura orgânica, floricultura, fruticultura, ênfase em preservação das espécies, fitoterapia, biodiversidade e preservação do meio ambiente.


PO – Como surgiu a idéia da incubadora? 

S.W : Foi o Paulo Alcântara, reitor da Universidade Catelo Branco quem nos incentivou  a tocar esta a idéia . “Você deveria ter uma incubadora de negócios, pois ajudaria muito aos estudantes  a desenvolver o  empreendedorismo”. Começamos a pesquisar e “compramos” a idéia. . Participamos do edital IV do Sebrae em 2004. Algumas empresas foram escolhidas e a nossa incubadora foi uma delas.

PO – Por que a escolha dos produtos orgânicos?

S.W: Na proposta que fizemos para o Editorial do Sebrae, procuramos uma área que fosse fraca (evidentemente, se comparada com São Paulo, Mato Grosso, Paraná)  dentro do Estado do Rio de Janeiro No ponto de vista da SNA ( Sociedade Nacional de Agricultura) , quinado falamos de Agronegócios falamos na cadeia como um todo: desde a porteira até o super mercado – que é do produtor até o consumidor final.  Começamos então a pensar nos produtos que temos no Rio de Janeiro,  como  flores e frutos e um pouco na parte de veterinária, por causa dos alunos que temos e a parte obviamente dos orgânicos.

PO – Como se deu a aproximação e a escolha dos produtores?

S.W: Começamos a ver pela região serrana, como Itaipava, e vimos que já existem clusters nestas regiões como o Sítio do Moinho, Vale das Palmeiras e outros produtores. Tínhamos colocado dentro do plano de negócios os orgânicos e nos comprometido com o Sebrae de fazer eventos para atrair empreendedores. Tanto eu quanto a Vera Lúcia Vasconcelos ficamos rodando o estado do Rio de Janeiro durante um ano. Fomos também a São Paulo fazer contatos pois achamos que uma grande empresa de agronegócios poderia ter algum tipo de pesquisa e deveria ser usada no Rio de Janeiro. Não conseguimos nada muito interessante fora os orgânicos.

Visitamos também diversas incubadoras. Em Santa Tereza encontramos uns rapazes que estavam fazendo um plano de negócios e eram orgânicos. Conhecemos o projeto deles e os convidamos para o nosso campus para ver o que poderíamos fazer juntos. Vimos que a SNA poderia ajudá-los pois são economistas e têm alguma idéia do negócio orgânico, querem comercializar, crescer e levar o orgânico para fora. Então estávamos com a parte do agronegócios – a comercialização de produtos alimentícios.

Paulo e Paula Savino (Ecobrás)

Na BioFach Brasil de 2003, nós conhecemos a Ecobrás, do Paulo e da Paula Savino. São duas pessoas sérias e fazem um trabalho muito ético. Como sou vegetariana há 30 anos não como carne e na BioFach encontrei alguém que fazia produtos como pasta de soja e tofu orgânicos. No ano passado masrcamos uma visita a Ecobrás.

A SNA tinha se comprometido com o Sebrae de colocar na revista A Lavoura casos de sucesso. Colocamos o caso da Ecobrás e também caso de sucesso de café orgânico que também levantamos os dados na BioFach do Rio de Janeiro.

PO – O que pode uma incubadora fazer para ajudar um parceiro?

S.W: – No caso da Organic Life, nós os estamos ajudando a fazer contatos. No momento, eles querem exportar biscoitos orgânicos de luxo. Falamos então com a Embrapa Agroindustrial para fazer um estudo de quanto tempo o produto fica na prateleira, como funciona o produto e como pode ser comercializado. O dinheiro do Sebrae serve para capacitação, registro de marca e uma série de cursos que nós já demos para os jovens como cursos de exportação, de barreiras alfandegárias e administração. A incubadora prepara as pessoas na parte da gestão. Ajudar a encontrar caminhos, como por exemplo, aonde encontrar financiamento, como colocar o produto no mercado e divulgação. Estes contatos são graças a força da SNA.

PO – E com relação à Ecobrás, o que tem sido feito?

S.W: Levamos os produtos da Ecobrás para serem testados pelo chef do Copacabana Palace que criou pratos novos com os produtos. Usamos nossa network para difundir este produto. A Ecobrás através da incubadora teve a chance de encontrar este chef.

O importante para a SNA é que a certificação dos produtos sejam as melhores. Aquelas certificações que são aceitas nos mercados internacionais. Temos que encarar os produtos orgânicos como um negócio, um agronegócio que é um nicho de mercado que tem que ser reconhecido como negócio no mercado brasileiro e no exterior.

PO – Você vê o orgânico como um nicho?

S.W: Sim, na minha concepção o orgânico é um nicho de mercado. No final da cadeia está o consumidor e quem tem que ficar satisfeito com os resultados dos produtos orgânicos é o consumidor. Por isso, o controle feito pelas certificadoras é muito importante. Por exemplo, a Naturallis acabou de colocar no mercado o leite orgânico em caixinha. Eles levaram de dois a três anos trabalhando este produto antes de colocá-lo na prateleira. Os supermercados cada vez mais vão exigir produtos certificados pois é garantia de qualidade para os consumidores. Os produtos hoje não são apenas saudáveis mas muito bonitos, não é mais uma agricultura alternativa.

Como o Brasil exige o SIF, teremos que ter o SIF nos produtos orgânicos. Isso porque em breve as multinacionais estarão atrás deste nicho pois é um nicho interessante e eles estão atrás de novos negócios. Os pequenos vão ter que se organizar em cooperativas pois não há lugar para amadorismo.

PO – Quais são os outros projetos do SNA para 2005?

S.W: Faremos o Congresso de Agribusiness. Tivemos em novembro passado a reunião da Academia de Agricultura em São Paulo e estamos pensando em fazer em 2005 em Brasília, Mato Grosso ou Goiás. Queremos levar a Academia ao centro do agronegócio e vamos continuar discutindo os grandes temas da agricultura. Estamos melhorando a revista A Lavoura e o nosso site. Depois de sete anos de existência, a revista vai ganhar um pouco de corpo e vai ficar linda. A revista é trimestral e tem uma tiragem de cinco mil exemplares.

Minha próxima meta em janeiro de 2005, quando for para o Congresso de Agribusiness em Boston, será sugerir que apresentem no próximo ano um case de café ou de açúcar orgânico. Nos últimos cinco anos que tenho participado, nunca apresentaram um caso de orgânico!

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