A paranaense Rio de Una surgiu com a proposta de fornecer alimentos saudáveis através de uma agricultura voltada para a preservação do meio-ambiente. É pensando assim que a maior processadora de verduras e legumes da América do Sul, localizada no município de São José dos Pinhais, prepara-se para gradativamente aumentar sua produção orgânica. A unidade de processamento foi inaugurada em junho de 2002 e o diretor da empresa, Marco Giotto, deu entrevista ao Planeta Orgânico.

PO – Como surgiu a Rio de Una?

MG – A Rio de Una pode estar dividida em três fases. Num primeiro momento, a Rio de Una passou de produtora rural para empresa agrícola. Começamos trabalhando com verduras convencionais. Após visitar uma feira americana voltada para processamento, meu interesse aumentou ainda mais. Numa segunda etapa, posicionamos a Rio de Una para a produção orgânica. Atualmente, temos parte da produção como convencional e outra como orgânica. O objetivo da terceira fase é atingirmos a demanda que existe por processados e orgânicos.

PO – Por que ainda não é possível trabalhar unicamente com produtos 100% orgânicos?

MG – Ainda não temos base de sustentação suficiente para a empresa trabalhar unicamente com produtos orgânicos. Há problemas na produção orgânica, como a necessidade de uma regulamentação mais forte e a carência no fornecimento de determinadas culturas. Temos, por exemplo, um projeto para aumentar a produção de batatas orgânicas na região. A batata é uma cultura difícil de produzir em alta escala no manejo orgânico.

PO – O custo de produção do alimento orgânico interfere neste objetivo de se trabalhar unicamente neste setor?

MG – Depende da cultura mas, de uma maneira geral, percebemos que o custo de produção de legumes e verduras orgânicas são iguais ou até menores que os convencionais. Nossa meta é trabalhar com produtos orgânicos a preços competitivos. O fato de ser orgânico não implica necessariamente que o preço seja mais alto.

PO – Qual a capacidade da nova unidade para processamento de verduras e legumes?

 

MG – A unidade tem capacidade para 700TM, o que pretendemos atingir até o final de 2004. Atualmente, temos uma produção de 300 TM por mês com 30 espécies diferentes de verduras e legumes em 150 itens. Já temos também morangos em nossa linha de produtos.

 

 

PO – Qual o principal mercado da Rio de Una no momento?

MG – Cerca de 30% de nosso trabalho é com grandes redes de varejo em São Paulo e sul do país. Nossos principais clientes são do mercado institucional, ou seja, cozinhas industriais, indústrias de congelados, caterings, entre outros.

PO – A exportação é uma das metas da Rio de Una?

MG – No futuro, temos interesse em exportar. No entanto, isto só será possível quando houver uma boa base de produção.

PO – Como você vê a organização do setor orgânico no Brasil?

MG – Como disse antes, é necessário que existam leis mais fortes. A certificação do produto orgânico é necessária, devendo haver um esclarecimento maior das próprias certificadoras junto a agricultores e grupos de produtores quanto aos processos e custos para se certificar.

Vejo com importância a iniciativa da AECO (Associação de Empresas do Agronegócio Orgânico Certificado). É uma demonstração de união no mercado.

A Rio de Una fica em São José dos Pinhais, onde foi realizado o  Seminário BioFach-Brasil  “Os Impactos e a Importância dos Produtos Orgânicos na Cadeia da Alimentação Industrial”.

O encontro foi realizado na Associação Comercial e Industrial e Agrícola de São José dos Pinhais. Na ocasião, a Rio de Una  apresentou 2 depoimentos através de seu diretor comercial Marcelo Albuquerque e sua supervisora de produção , a  engenheira agrônoma Rosângela Almeida.

A abertura do Seminário foi  realizada pelo Secretário de Comércio, Indústria e Turismo de São José dos Pinhais, Sr. Edilberto Valaski que deu as boas vindas em nome do Prefeito Luiz Carlos Setim. Em seguida falaram o especialista em controle de riscos na produção de alimentos (sistema APPCC), Dr. Eneo Silva, Maria Beatriz Costa do Projeto BioFach Brasil e Rosângela Almeida, engenheira agrônoma, especializada em Produção Orgânica, que destacou a importância da agricultura orgânica na preservação do meio ambiente. Após um intervalo, falaram Eliane Neves – Diretoria Comercial Gerência de Produto Serviço de Bordo – VARIG – com palestra “Investindo na Qualidade de Vida do Cliente” e  Iracy Costa – Coordenadora do Serviço de Alimentação – SESI-SC – que expôs sua experiência com projetos para administração de cozinhas industriais.

Marcelo Albuquerque durante o Seminário BioFach-Brasil em São José dos Pinhais

A produtora e processadora de verduras Rio de Una, certificada pelo IBD, concluiu este encontro com uma palestra do seu diretor comercial, Marcelo Albuquerque.
A coordenação geral do Seminário foi  do Projeto BioFach-Brasil e a realização foi da Prefeitura de São José dos Pinhais. A primeira Conferência BioFach da América Latina ocorrerá em setembro de 2003 no Rio de Janeiro, RJ, e seminários sobre o mercado orgânico, como este, estão sendo feitos antes da Conferência internacional. 

Sessenta e duas pessoas compareceram ao Seminário, que contou com uma platéia atenta e participativa. Perguntas foram feitas, e  o principal objetivo do Projeto BioFach-Brasil foi realizado: contatos foram realizados, visando o desenvolvimento do setor orgânico brasileiro.

 

 

 

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