Na última sexta-feira (03/06), Inger Andersen, vice-presidente do Departamento de Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial e comitiva, participaram de um encontro com produtores rurais e dirigentes da Cooperativa Entre Serras e Águas, em Bragança Paulista, potenciais beneficiários do Projeto de Desenvolvimento Sustentável – Microbacias II – acesso ao mercado.

Logo no início da visita autoridades, dirigentes da cooperativa e produtores conversaram com Inger sobre suas expectativas em relação ao Microbacias II e foram apresentadas as ações em desenvolvimento direcionadas aos cooperados da Entre Serras e Águas. Depois de ouvir a explanação, Andersen afirmou que o trabalho desenvolvido pela Cooperativa é muito importante. “Vocês estão indo atrás de desafios e inovações. Viemos para ouvir, aprender e entender as lições aqui praticadas para aplicá-las em outros países atendidos pelo Banco Mundial. Para nós é um grande privilégio ser parceiro de vocês”. Ela finalizou a visita agradecendo a gentileza e hospitalidade dos produtores da Cooperativa.

A Cooperativa Entre Serras e Águas foi fundada em maio de 2007 em uma assembléia realizada na CATI Regional de Bragança Paulista. Os vinte e quatro produtores se uniram com o objetivo de fornecer hortaliças e frutas para a merenda escolar dos municípios de Joanópolis, Piracaia e Vargem.  No início 80% eram agricultores familiares e tinham como meta promover a qualidade de vida no campo e prepararem-se para produzir de forma orgânica. Em 2010, sete produtores foram certificados como orgânicos. A cooperativa agregou mais cinco municípios para vender seus produtos á merenda escolar: Socorro, Atibaia, Nazaré Paulista, Monte Alegre do Sul e Pouso Alegre (MG). 

Hoje 100% dos 93 cooperados são familiares e trinta são certificados como orgânicos.  Segundo os organizadores da visita, João Brunelli, gerente técnico do Microbacias II e Alcides Ribeiro, diretor da CATI Regional de Bragança Paulista, esses produtores de hortaliças e frutas tem certificação participativa da ANC, através da OPAC (Organismo Participativo de Avaliação de Conformidade). Em virtude disso, tem potencial para apresentação de um plano de negócios para atendimento pelo Projeto Microbacias II – acesso ao mercado, ainda em 2011, para instalação de uma central de processamento mínimo de hortaliças e frutas, visando maior agregação de valor aos produtos.

Brunelli explica que o Microbacias II tem como objetivo promover o desenvolvimento rural sustentável e a competitividade agrícola no Estado, aumentando as oportunidades de emprego e renda para pequenos agricultores e suas famílias, além das populações rurais tradicionais. A meta é apoiar os negócios dos agricultores organizados em associações ou cooperativas e conectá-los com o mercado consumidor O Projeto é uma parceria entre o Governo do Estado de São Paulo e o Banco Mundial e envolve U$ 130 milhões.

A Cooperativa Entre Serras e Águas tem como plano para um futuro próximo a implantação da central de processamento, contratação de assistência técnica própria, adequar a produção e o processamento à comercialização e oferecer uma gama maior de produtos, que hoje está em torno de 98 entre frutas, legumes e hortaliças.

Na sequência a comitiva do Banco Mundial foi para Nazaré Paulista para conhecer os projetos conjuntos das Secretarias do Meio Ambiente e Agricultura e Abastecimento: o Mata Ciliar e o Pagamento por Serviços Ambientais.

Segundo Helena Carrascosa, coordenadora de Biodiversidade e Recursos Naturais, da Secretaria do Meio Ambiente, a área visitada é muito importante para a produção de água para abastecimento da grande São Paulo. “Acontece que esses produtores têm culturas com rendimentos baixos. Para minimizar esse problema instalamos um projeto piloto denominado Produtor de Água que trouxe resultados positivos. A partir disso, as Secretarias elaboraram uma proposta de implantação em todo o território paulista e a inclusão de uma ação dentro do Microbacias II que prevê o pagamento por serviços ambientais aos produtores”.

Já o Projeto Mata Ciliar foi implantado em 15 microbacias e também está incorporado no Microbacias II. Helena finaliza destacando a importância do trabalho conjunto das duas Secretarias que está gerando trabalho e renda, associado à recuperação dos recursos naturais, gerando a inclusão desses produtores e possibilitando novas oportunidades.

Para Inger Andersen se o agricultor produz e fornece água, ele tem que ter retorno e todo esse processo tem que ser uma ação comunitária. “Uma questão importante é que valor colocamos nessa usina de água. Esses assuntos são levantados e enfrentados também na China, Índia, África e outros países e as soluções são sempre locais. O desafio é fazer a contabilidade das riquezas e quase nunca se leva em conta os serviços ambientais prestados, que são investimentos para o futuro”.

Inger Andersen, de nacionalidade dinamarquesa, é vice-presidente do Departamento de Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial desde junho de 2010. Tem a responsabilidade para o trabalho global do Banco Mundial, em agricultura, meio ambiente, infraestrutura urbana e desenvolvimento social. Antes da sua nomeação, foi Diretora de Desenvolvimento Sustentável na Região da África, onde supervisionou uma expansão significativa em programas de energia e de agricultura, ao mesmo tempo em que liderou o trabalho do Banco na região sobre as mudanças climáticas.

Ingressou no Banco Mundial em 1999. Antes disso trabalhou na Organização das Nações Unidas, em Nova York (1987-1999) em uma variedade de posições, incluindo a gestão de projetos com preocupações ambientais globais, águas internacionais e as energias renováveis e alterações climáticas.
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