Luiz Carlos Dematthê Filho é médico- veterinário, gerente de produção animal da Korin e coordenador técnico da Aval – Associação de Avicultura Alternativa. Nesta entrevista ao Planeta Orgânico, Dematthê fala sobre as diferenças de produção do frango convencional e natural, ressaltando que o frango natural tem sua ração isenta de antibióticos e promotores de crescimento.

PO – Quando a Korin iniciou o trabalho com frangos ecológicos?

LC – Há sete anos, a Korin Agropecuária Ltda. Iniciou, em Ipeúna-SP, a criação do frango natural,  objetivando oferecer aos consumidores um produto diferenciado e atender um segmento de mercado crescente, o dos alimentos naturais saudáveis.

PO – Quais as principais diferenças entre a produção de frangos da Korin e dos frangos convencionais?

LC – Em relação ao frango convencional, o frango alternativo também preserva o caráter industrial da produção, mas utiliza de forma criteriosa os avanços tecnológicos conquistados pela avicultura brasileira ao longo dos anos. As aves são criadas em galpões devidamente equipados, e alojadas em densidades menores que as empregadas no sistema convencional, objetivando-se, com isso, atender os requerimentos de bem-estar animal. O frango alternativo guarda uma característica ímpar, ou seja, toda a ração fornecida durante a criação das aves é isenta de ingredientes de origem animal, antibióticos, promotores de crescimento, anticoccidianos e outros quimioterápicos, conferindo vantagens inigualáveis em termos de segurança e saúde do consumidor.

Como forma de garantir a qualidade do produto e a total isenção das substâncias citadas anteriormente, existe um programa de monitoramento laboratorial de resíduos nas matérias-primas, nos frangos em crescimento e no produto final. Outro meio de garantir a qualidade do produto é o trabalho junto aos produtores integrados através de treinamentos, maior remuneração em relação ao frango convencional e estímulo à busca por melhores índices produtivos. Através dessas iniciativas, a Korin vem cumprindo cada vez mais a  sua missão de elevar a qualidade de vida dos produtores rurais que, por sua vez, têm proporcionado índices produtivos cada vez melhores.

PO – A demanda tem aumentado para carne de frango da Korin? E no caso dos ovos, também tem havido aumento na procura?

LC – De modo geral, a demanda pelos produtos da Korin vem crescendo. No caso do frango, por exemplo, o aumento na procura pode ser atribuído à diversificação dos cortes de frango oferecidos, atendendo às necessidades específicas de cada consumidor. Apenas 20% da produção são comercializados como frango inteiro e a maior parte, 80% de todo o frango abatido, é comercializada na forma de cortes, proporção que tende a aumentar devido ao contínuo desenvolvimento de novos produtos pela Korin. Além disso, destaca-se que o aumento na procura se deve, principalmente, ao aumento de consumidores esclarecidos quanto aos riscos de resíduos químicos e de antibióticos nos alimentos, justamente o perfil de consumidor que é o alvo do trabalho da Korin.

PO – Qual a estimativa de produção para 2002 e quanto foi obtido em 2001?

LC – Em termos de frango vivo, há uma previsão de produção de 3.300 ton em 2002 contra as 2.920 ton em 2001.

PO – A Korin tem projetos para produção de outras carnes?

LC – A Korin já realizou alguns testes bem-sucedidos com suínos e, atualmente, há projetos em desenvolvimento nas áreas de bovinos de corte e de leite.

PO – Quais as principais dificuldades enfrentadas pela Korin em sua produção de frango e ovos?

LC – O frango alternativo é uma ave que leva 50 dias para ser terminada 10 dias a mais em média que o frango convencional, acarretando maiores custos ao produto. Outra desvantagem é a obtenção de lotes menos uniformes. No caso da produção de ovos, o desempenho das poedeiras é muito semelhante ao obtido em produções convencionais.

PO – Quais as principais vantagens encontradas?

LC – A maior vantagem do frango da Korin, assim como de seus demais produtos, reside na total ausência de resíduos de antibióticos e promotores artificiais de crescimento, proporcionando ao consumidor alimentos que promovem sua saúde ao invés de deteriorá-la. Além disso, é um produto inserido numa proposta de valorização do produtor e da agropecuária familiar, obtido sem agressões ao meio ambiente e respeitando requisitos de saúde e bem-estar animal.