Alvaro Werneck, Planeta Orgânico

Faz alguns anos, discute-se em países europeus e nos Estados Unidos sobre o misterioso problema do desaparecimento de abelhas em algumas regiões. Este ano, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução para a adoção de ações mais contundentes para proteger a população de abelhas. Segundo o informativo IHU-Online, o texto determina que mais fundos sejam destinados para a pesquisa com abelhas, novos incentivos sejam dados à indústria farmacêutica no desenvolvimento de antibióticos e que novos rótulos de advertência nos pesticidas do campo sejam mais claros. Cálculos da Comissão Européia, braço executivo da União Européia, estimam que a polinização tem um valor econômico de €22 bilhões para a região. Cerca de 84% das espécies de plantas européias e 76% da produção de alimentos da região dependem dela. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o número de colônias de abelhas caiu de 5,5 milhões em 1950 para 2,5 milhões em 2007. A falta de restrição aos agrotóxicos na medida européia, entretanto, parece contraditória com a busca pela solução do problema.

A Fazenda Tamanduá, produtora de mel biodinâmico, na Paraíba, é um bom exemplo de estabilidade na saúde das abelhas. Mas o engenheiro agrônomo da propriedade, Flávio Medeiros, coloca a situação como alarmante: “Este fenômeno, que também é chamado “colony colapse disorder” (CCD), não está ocorrendo apenas em uma região do planeta, e pode ocasionar graves desequilíbrios ambientais, levando a uma redução significativa dos alimentos atualmente consumidos pelo homem. O problema foi detectado também no Brasil, particularmente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.”

Apesar das dúvidas da origem, Flávio acredita que esteja ocorrendo uma diminuição da imunidade das abelhas em função dos agroquímicos e manejo intensivo, ou seja, melhoramento genético desordenado.  Como uma forma de se defender do problema, ele argumenta a favor da criação de abelhas africanizadas, principalmente na região nordeste do país, onde as práticas não são tão intensivas. A abelha de raça africana possui maior resistência, alta produtividade e agressividade.

“A mais de 10 anos na Fazenda Tamanduá criamos abelhas africanizadas sob manejo orgânico/ biodinâmico e até agora o maior desafio é a seca prolongada. Mesmo assim, não temos perdas significativas ou não explicáveis mesmo com a presença da Varroa (tipo de ácaro que ataca as abelhas)”, comenta.

Se no hemisfério norte há dúvidas sobre a origem, no Brasil o mistério é ainda maior. Faltam estudos científicos para analisar o caso com mais precisão. Porém, parece cada vez mais claro que existe a influência do uso dos agrotóxicos neste fenômeno.

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