Confira entrevista do Planeta Orgânico com Miriam Francisca, presidente da ACELBRA-RJ (Associação de Celíacos do Brasil – RJ), sobre a participação na Jornada Mundial da Juventude e o trabalho do Rio sem Glúten

Como a ACELBRA-RJ avalia sua participação na JMJ até o momento?

Miriam: Como mais uma conquista, desde a criação da Associação em 2005, e constatando o reconhecimento do nosso trabalho, pois temos obtido de vários setores, em âmbito estadual e nacional, o devido crédito, a despeito dos muitos obstáculos ainda enfrentados. O convite para participar deste evento corrobora esta constatação e estamos contando com uma grande torcida para que nosso propósito, ao participarmos da JMJ, seja alcançado e consigamos proporcionar aos Peregrinos Celíacos ou sensíveis ao glúten (proteína encontrada no trigo, aveia, centeio e cevada) uma alimentação segura, saudável, saborosa e nutritiva. Estima-se que cerca de dois milhões de pessoas no Brasil sejam acometidas pela doença celíaca, mas a maioria não tem diagnóstico. A iniciativa da JMJ em contemplar essa parcela da população brasileira (além da estrangeira) presente ao evento será, sem dúvida, um marco para impulsionar nosso trabalho – atualmente em plena campanha “RECONHECER A DOENÇA CELÍACA”, desenvolvida por nossa federação – a FENACELBRA.  O trabalho da Federação vai além de orientar e acolher celíacos diagnosticados mas, também, em sensibilizar os representantes do Poder Público  e os profissionais da área de Saúde (dos Estados e dos Municípios de nosso País) em promoverem ações para realização do diagnóstico dos que são celíacos e não sabem.

Como restaurantes da JMJ podem se preparar para apresentar pratos que atendam ao celíaco?

Miriam: Aderindo ao curso à distância idealizado pelas Dras. Noádia Lobão, uma das Consultoras Técnicas, voluntárias, da ACELBRA-RJ e Lucélia Costa – presidente da Fenacelbra – ambas nutricionistas.  O curso visa a capacitação dos profissionais dos restaurantes que se integrarem à JMJ, quanto ao preparo da alimentação, primando para que os pratos a serem ofertados, tanto para os Peregrinos Celíacos como para pessoas que tenham “sensibilidade ao glúten” sejam elaborados de forma segura e livre de contaminação cruzada por essa proteína. Ressalto que a Dra. Noádia foi a responsável, também, pela elaboração do Kit Peregrino isento de glúten. Os interessados pela capacitação devem acessar, além do restrio2013.com, os seguintes sites:

http://www.fenacelbra.com.br/fenacelbra/cadastro-jmj

A ACELBRA-RJ possui artigos relacionados a este assunto?

Miriam: Com certeza. Temos muito material e os mais recentes elaborados para a Campanha citada, como os pertinentes ao II COINE – um Congresso Internacional, específico para nossa problemática, realizado em maio pp., pelo Centro Brasileiro de Pesquisa e Apoio Nutricional – CBAN, dirigido pela Dra. Noádia, com o apoio da FENACELBRA e ACELBRA-RJ.

Como sugestões cito dois que podem ser vistos nos seguintes links:

http://www.riosemgluten.com/10_passos_celiacos_Juliana_Crucinsky.pdf

http://www.riosemgluten.com/doenca_celiaca_sensib_gluten.htm

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Teresina terá mês especial de orgânicos nas lojas do Pão de Açúcar

A capital do Piauí, Teresina, terá até 28 de julho descontos nos produtos orgânicos nas lojas da rede Pão de Açúcar.  A promoção está sendo feita através de feiras com degustação para os clientes. Poderão ser encontradas frutas, verduras, carnes, sucos, azeites e muitos outros alimentos orgânicos.

Para esclarecer dúvidas de clientes e apresentar os benefícios da alimentação orgânica, a rede convida alguns de seus fornecedores.  Native, Mãe Terra, Jasmine e Korin, são alguns deles. Este formato de feiras orgânicas nas lojas tem sido usado com sucesso em outras cidades brasileiras.

A rede possui uma marca própria, a Taeq, com mais de 250 itens orgânicos, que fazem parte da promoção sendo realizada neste mês de julho.

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Dez anos de regulamentação da agricultura orgânica, experiência de sistema participativo de garantia, avanços, desafios e oportunidades da agroecologia e produção orgânica no Brasil

Confira o artigo de Romeu Mattos Leite, Produtor orgânico da Vila Yamaguishi, coordenador do OPAC/ANC; presidente da Câmara Temática de Agricultura Orgânica;
Membro da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica.

“O pioneirismo do Brasil em legalizar a certificação participativa com o nome de Sistemas Participativos de Garantia – SPG, é hoje referencia para vários países e tem se mostrado eficiente não somente como mecanismo de garantia para o consumidor de produtos orgânicos, como também, instrumento valioso de organização e construção participativa de conhecimento dos camponeses. A partir do exemplo brasileiro, vários países da América Latina que estão elaborando a legislação de orgânicos, pretendem incorporar os SPGs, como já o fizeram: El Salvador, Equador, Chile, Colômbia, México e Peru.

Clique aqui para o artigo de Romeu Mattos Leite

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Moção em defesa do PAA como Mecanismo de Promoção da Agrobiodiversidade e o do Direito dos Agricultores

Luziânia, 19 de junho de 2013

Ao longo dos anos o PAA tem se consolidado como principal instrumento de ação pública voltado para o fortalecimento da conservação da agrobiodiversidade e do uso de sementes crioulas. Organizações de 13 estados realizam operações de compra e doação simultânea de sementes produzidas por agricultores familiares, assentados da reforma agrária, indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais, permitindo não só o resgate de uma diversidade genética importante para a produção e a segurança alimentar e nutricional como também o acesso por um número crescente de beneficiários que poderão passar a multiplicar essas sementes, ampliando assim sua autonomia. Diversos estudos mostram que o uso de variedades localmente adaptadas permite a redução dos custos de produção e do uso de agroquímicos. Ademais, em função de suas características, essas sementes contribuem para aumentar a resiliência dos sistemas agrícolas que as adotam, ampliando sua capacidade de enfrentar variações climáticas.

A compra e doação de sementes via PAA tem permitido ao país dar passos importantes na direção de implementar compromissos assumidos no âmbito do Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para Alimentação e Agricultura da FAO, com destaque para o direito dos agricultores e o uso sustentável da agrobiodiversidade. Nesse sentido, o decreto presidencial 7.794/2012, que institui a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, reconheceu a importância das ações no campo da agrobiodiversidade e ampliou a abrangência de distribuição, troca, comercialização e multiplicação de sementes ou mudas efetuadas por associações e cooperativas de agricultores familiares.

Ao longo de sua trajetória o PAA logrou desenvolver e validar mecanismos que demonstraram ser suficientes para assegurar a qualidade das sementes distribuídas, em consonância com ação integrante do PLANAPO, a saber: Ajustar normas e regulamentos adotando procedimentos simples e seguros para reconhecimento de recursos genéticos de interesse para produção orgânica e agroecológica, tais como, sistema de controle social, análise laboratorial e teste de transgenia (Eixo 2, Objetivo 4, Meta 9, Ação 12, cf. versão 01/06/2013).

É importante ainda reconhecer que o PAA fortalece ações da sociedade civil e seu papel na articulação de redes e atores nos territórios, bem como na implementação e no controle social de políticas públicas. E para que continue cumprindo esse papel, sua operacionalização deve manter-se livre de amarras burocráticas desnecessárias tais como registro das cultivares no cadastro do MDA, exigência de DAP jurídica como único documento aceito para entidades executoras e consumidoras e de DAP física para os destinatários das sementes doadas pelo programa. Medidas como essas, caso incorporadas, serão seguramente fator de exclusão, sobretudo da população mais pobre.

Diante do exposto, as organizações abaixo-assinadas, reunidas entre 17 e 19 de junho na Oficina sobre Direitos dos Agricultores ao Livre Uso da Agrobiodiversidade, promovida pelo Grupo de Trabalho sobre Biodiversidade da Articulação Nacional de Agroecologia e pela Rede de Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro, levantam sua preocupação com o crescente processo de burocratização do PAA. Suas ações devem ser descentralizadas, muitas vezes de pequena escala, mas que justamente por isso possuem maior capilaridade e capacidade de garantir ampla diversidade de sementes. A distribuição massiva de um reduzido número de variedades entre diferentes regiões ecológicas do país, por meio de poucas operações de maior volume, pode, por outro lado, promover a erosão genética e a substituição de variedades locais, minando a contribuição do Programa para a conservação e o uso da agrobiodiversidade.

Acreditamos no empenho deste órgão para evitar esses retrocessos e manter os benefícios alcançados pelo PAA na conservação de recursos estratégicos para a alimentação e agricultura e seu papel mobilizador.

Atenciosamente,

  • ABA – Associação Brasileira de AgroecologiaANA – Articulação Nacional de Agroecologia
  • Articulação Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais
  • Articulação do Semiárido / ASA-PB
  • Articulação do Semiárido Brasileiro – ASA Brasil
  • AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia
  • Associação dos Agricultores Guardiões da Agrobiodiversidade de Tenente Portela – RS
  • Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica
  • CAA-NM – Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas
  • Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais
  • Articulação Pacari de Plantas Medicinais do Cerrado
  • Comissão Pastoral da Terra – CPT-PB
  • Escola Família Agrícola de Veredinha – MG
  • GT Biodiversidade ANA – Articulação Nacional de Agroecologia
  • MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores
  • Movimento Geraizeiro
  • NAC – Núcleo de Agroecologia e Campesinato da UFVJM
  • Terra de Direitos
  • Rede de Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro
  • Rede de Agroecologia Terra Sem Males
  • Rede Ipanthu – Amigos do Povo Kraho
  • Via Campesina Brasil

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