Para produtos não orgânicos, além dos já consagrados selos RSPO (Roundtable on Sustainable Palm Oil) e UEBT (União para BioComércio Ético), o IBD está aderindo a dois novos protocolos: Rainforest Alliance e 4C. “Diante da história de sucesso do selo Rainforest Alliance, o IBD Certificações decidiu por aderir a este importante protocolo internacional de certificação para produtos não orgânicos sustentáveis e com uma equipe qualificada e comprometida poderá atender e oferecer a clientes orgânicos e convencionais uma nova opção de certificação para a atividade de pecuária, produção de café, chá e frutas”, diz Harkaly.  Os principais focos do Rainforest Alliance são o uso correto e a adoção de práticas agrícolas que visam a redução do uso de agroquímicos; manejo conservacionista do solo e demais recursos naturais existentes, conservando os recursos existentes ou recuperando, se assim for necessário; respeito aos trabalhadores envolvidos com a atividade e, principalmente, a legislação trabalhista existente; rastreabilidade da produção e garantir ao consumidor o acesso a produtos produzidos de acordo com esta norma; e adoção de práticas que visam o bem estar do animal, segundo enumera o executivo.

Já a 4C Association é uma plataforma que reúne as partes interessadas no setor cafeeiro para tratar de questões de sustentabilidade de uma forma pré-competitiva. “Até o momento, mais de 300 membros já aderiram à plataforma 4C, incluindo organizações de agricultores de café; comerciantes, entre importadores e exportadores; indústrias, varejistas; e organizações da sociedade civil”, ressalta Harkaly, destacando que essa comunidade global trabalha em conjunto para melhorar as condições econômicas, sociais e ambientais das pessoas que ganham a vida a partir do cultivo e venda do café. “O setor cafeeiro é confrontado com muitas questões prementes: alterações climáticas, a falta de interesse por parte da próxima geração de cafeicultores, envelhecimento das árvores de café e condições financeiras inadequadas, dentre outras. Não há respostas fáceis para os desafios da sustentabilidade ameaçando o abastecimento de café. O que está claro é que, quando todos os atores cooperam, as soluções se tornam mais fáceis”, enfatiza.  A 4C Association trabalha para que essas soluções possam acontecer, explica. Segundo Harkaly, os membros da 4C Association desenvolveram o Código de Conduta 4C, que define os princípios sociais, ambientais e econômicos para a produção sustentável, processamento e comercialização de café verde. “A 4C Association visa unir todas as partes interessadas relevantes com a produção de café com a finalidade de trabalhar para a melhoria das condições econômicas, sociais e ambientais da produção e processamento e para construir um setor sustentável e próspero para as gerações vindouras do café.”

Dentro deste contexto, a certificação EcoSocial esta em alta sendo exclusiva para os orgânicos. Lançado em 2004, o selo vem registrando crescimento médio de 20% ao ano no volume de certificações desde 2012, mostrando amadurecimento dos produtores de orgânicos e ampliação dos cuidados com o ser humano e o meio ambiente. “O EcoSocial limita-se a certificar o mercado orgânico e, desta maneira, pode ser considerado um selo top 4 em 1: orgânico, fair trade, ambiental e socialmente correto e certificado”, explica o executivo. O Selo EcoSocial garante que as empresas têm, acrescida das certificações exigidas aos orgânicos, critérios de qualidade e ações de desenvolvimento humano, social, ambiental e econômico (ou seja- fair trade ou economia solidária) e que todas essas informações estão transparentes para consumidores e comunidade, pois são auditadas e aprimoradas pela certificadora e cujo processo dos projetos conta com a participação de todos os envolvidos, incluindo a comunidade.

O programa IBD para relações comerciais justas de produtos com certificação socioambiental tem como diferencial, além da criteriosa auditoria, os projetos contínuos, que devem ser pelo menos dois sociais e dois ambientais, ou seja, as empresas e produtores têm de estar sempre colaborando para a resolução dos problemas em seu entorno. “O EcoSocial é um processo que não termina”, diz Harkaly. É um ganho sem precedentes para toda a sociedade e a qualidade dos projetos é altíssima, complementa. Conforme o executivo, ao longo de uma década da sua criação, o Selo avançou das tradicionais culturas de soja, açúcar, girassol, arroz e palma, para produtos novos como o mel, amendoim e algodão.

Também cresceu muito a demanda do mercado externo por essa certificação, particularmente na China e na Holanda, diz. Além desses países, o IBD exporta esse serviço para vários mercados da Europa, bem como para a Índia, Tailândia, Estados Unidos e Canadá. Segundo Harkaly, o aquecimento da demanda é resultado especialmente das pressões cada vez mais fortes da sociedade em relação ao meio ambiente e comércio ético. “Mas o potencial desse mercado ainda é muito grande. Há muito a ser explorado. E quando estiver a pleno vapor, teremos uma sociedade com produção realmente sustentável.”

Também engenheiro agrônomo, Harkaly diz que as principais vantagens da certificação EcoSocial são observadas em duas vertentes. A primeira é a socioambiental, com melhoria das condições de vida e de trabalho dos pequenos produtores e trabalhadores assalariados e a proteção e conservação do meio ambiente nas empresas e propriedades certificadas. A segunda é econômica, com a satisfação dos clientes e consumidores que ganham em qualidade quando adquirem os produtos e serviços certificados e sabem que eles estão servindo para apoiar o desenvolvimento de uma comunidade; e o fortalecimento da imagem da empresa e seus produtos, que, por sua vez, garante maior competitividade no mercado.

Dados do mercado

Informações da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), baseadas no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, mostram que o Brasil fechou 2013 com alta de 22% no número de produtores e unidades produtivas de orgânicos, em relação a 2012, para 6.719 e 10.064, respectivamente. O avanço é reflexo de outra expansão, afirma a ANA: no ano passado, o número de organismos avaliadores de conformidade do setor mais que dobrou, passando para 163 Organizações de Controle Social e 18 Organismos Participativos de Avaliação de Conformidade, comparativamente a 79 e quatro de 2012, respectivamente.

Conforme Harkaly, o Brasil tem se consolidado não apenas como produtor, mas também como mercado de importação. “O varejo apresenta forte crescimento em orgânicos, inclusive com produtos importados.” O que abre um cenário de oportunidades para as certificadoras,  como  o IBD, já reconhecido por sua atuação internacional. Mundialmente, estima-se que o mercado de orgânicos tenha movimentado cerca de US$ 60 bilhões em 2013. Segundo os especialistas, o País vende no mercado externo entre 50% e 60% de sua produção.