realizando o casamento entre agricultura e floresta – I
I) Introdução
O termo “agrofloresta” foi criado para designar um uso especial da terra que envolve o manejo intencional de árvores. Através da introdução e mistura de árvores ou arbustos nos campos de produção agrícola ou pecuária, obtem-se benefícios a partir das interações ecológicas e econômicas que acontecem nesse processo. Existem muitas variações nas práticas que caem na categoria de agrofloresta: na agrossilvicultura, as árvores são combinadas com culturas agrícolas; em sistemas silvopastoris, elas são combinadas com produção animal e em sistemas agrossilvopastoris o produtor maneja uma mescla de árvores, culturas e animais. Cabe ressaltar que a incorporação de árvores em sistemas de produção de alimentos é uma prática com longa história. Isto é especialmente verdadeiro em regiões tropicais e subtropicais do planeta, nas quais os produtores manejam árvores e animais juntamente com a atividade agrícola, a fim de satisfazerem suas necessidades básicas de alimento, madeira, lenha, forragem e para ajudar na conservação dos recursos naturais disponíveis na propriedade (solo, água, biodiversidade, entre outros). O ponto em comum entre a Agroecologia e os sistemas agroflorestais reside no objetivo: ambos pretendem otimizar os efeitos benéficos das interações que ocorrem entre as árvores, os cultivos agrícolas e animais, obter a maior diversidade de produtos, diminuir a necessidade de insumos externos e reduzir os impactos ambientais negativos da agricultura convencional. Esta afinidade de objetivos possibilita que os sistemas agroflorestais inseridos num contexto agroecológico de produção contribuam significativamente para o desenvolvimento equilibrado, integrado e duradouro tanto da paisagem natural quanto das comunidades humanas que nela habitam.
2) Classificação dos Sistemas Agroflorestais
Considerando a distribuição no espaço e no tempo dos componentes (plantas e animais) de um sistema, os sistemas agroflorestais são classificados em:
1-Sequenciais: Relação cronológica entre as colheitas anuais e os produtos arbóreos; os cultivos agrícolas e as árvores implantadas se sucedem no tempo.
Exemplo: Sistema chamado Taungya:
– 1º ano: Plantio de culturas anuais (milho, feijão, por exemplo) intercalada com mudas plantadas de árvores (seringueira, eucalipto, por exemplo).
– 2º e 3º anos: Faz-se uma rotação de culturas agrícolas anuais, realizam-se as colheitas e as vendas dos produtos para gerar receita enquanto as árvores crescem.
– A partir do 3º ano: Forma-se um bosque jovem, o produtor pode plantar outras espécies de árvores que crescem bem na sombra deste bosque (como as árvores de madeira de lei), ou apenas aguardar o crescimento das árvores. O tempo de extração da madeira ou de qualquer outro produto florestal (látex, flores, folhas, resina, etc.) dependerá da espécie e da região escolhidas.
2) Simultâneos: Integração simultânea e contínua de cultivos anuais1 ou perenes, árvores para obtenção de madeira, frutíferas ou de uso múltiplo (para fornecer proteínas e sombra para animais, por exemplo).
Exemplo: Cultivo em faixas ou aléias (Alley Cropping)
a) Plantam-se no mesmo ano árvores + culturas perenes (ciclo de produção acima de 3 anos) : cultura sombreada (café, cacau, urucum, por exemplo), árvore que fornecerá sombra (ipê, palmito, cardamomo, sombreiro, cedro, etc.), geralmente fornecedora de madeira.
b) Plantam-se no mesmo ano culturas anuais (soja, milho, mandioca, feijão, arroz, entre outros) e espécies arbóreas leguminosas, capazes de fixarem o nitrogênio do ar e colocarem (pela decomposição de folhas que caem) este nutriente disponível para o cultivo agrícola.
3) Cercas Vivas ou Quebra-Ventos:
Fileiras de árvores que podem delimitar uma propriedade ou servir de proteção para outras plantas ou sistemas agrícolas integrados.
Exemplo: Implantação de faixas de eucalipto em torno de uma plantação de café, ou uma lavoura de milho.
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Benefícios Gerados pelos Sistemas Agroflorestais