João Matos PhD
Consultor em Negócios da Biodiversidade
Claudia Blair e Matos MsC
Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia
São inúmeras as reportagens que tentam convencer os homens a deixarem de destruir a floresta e nós gostaríamos de ter esta chance também. A indústria de cosmético nos últimos anos vem desenvolvendo maravilhas tecnológicas que tornam o ser humano cada dia mais bonito. Esta tecnologia vem dos principais laboratórios das maiores empresas do mundo, como recentemente a L’Oréal de Paris, que inaugurou 1º Campus L’Oréal (CAPI) Centro de Pesquisa do Grupo de Cabelos de Operações, Pesquisa e Inovações, formando o novo campus denominado Centro Charles Zviak em homenagem ao seu ex-Diretor Geral da L’Oréal de 1984 a 1988.
No Brasil, um país megadiverso, considerado o mais rico em biodiversidade mundial, o avanço tecnológico vem da floresta e a cada ano promovem lado a lado as novas tecnologias no campo dos produtos naturais observado nos lançamentos nos últimos anos nas principais feiras do mundo como Cosmoprof Bolonha-Itália ou FCE Brasil. Espécies como andiroba, cupuaçu, murumuru, açaí, guaraná, ucuúba vem sendo apresentados anualmente ao mundo e agora, o novo xodó dos cabelos, a espécie Pracaxi. Comparativamente, o mundo continua a evoluir nas pesquisas com Aloe-vera e Côco entre outros produtos tropicais assim como o maravilhoso Argan do Marrocos, mas, nada como as essências da floresta brasileira para encantar o mundo do cosmético e surpreender aos pesquisadores de laboratórios internacionais. Não podemos quantificar o valor que estas empresas economizam quando acessam o ativo da biodiversidade em relação aos faturamentos milionários em suas vendas, mas, além de fornecermos a matéria-prima, compramos o produto final, ocupamos o quarto maior mercado de consumo em cosmético no mundo e esta é a razão que o apelo econômico deveria acompanhar ao ambiental.
Quantas espécies são protegidas pelas centenas de salões de beleza que existem na Amazônia, pois a medida que vocês, cabeleireiros, utilizam um produto a base de andiroba, o extrativista, ribeirinho, indígena e quilombola sabe que a compra das sementes ou mesmo dos óleos e manteigas produzidos por inúmeras cooperativas e associações da Amazônia está garantido. E que durante a safra de produção de frutos das espécies, em geral períodos chuvosos, saem de dia e de noite em busca deste ativo, que formam gotas de avanço tecnológico e protegem a extinção das espécies promovendo agregação de valor nas comunidades amazônicas, gerando empregos aos profissionais da beleza. Obrigado, salões, por serem nossos soldados na batalha pela preservação das florestas tropicais brasileiras.
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