Premiar iniciativas inovadoras que contribuam para o desenvolvimento sustentável da agropecuária brasileira. Este é o objetivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ao agraciar engenheiros agrônomos e florestais, empresas privadas, produtores, entres outros, durante o Seminário ‘Agropecuária Sustentável: Um olhar para o futuro’, realizado no dia 07 de dezembro de 2006 no auditório do Memorial JK, em Brasília.
O encontro reuniu especialistas das mais diversas áreas de produção agropecuária que aplicam sustentabilidade ambiental, social e econômica na atividade rural. Durante todo dia, técnicos, especialistas e autoridades do Mapa, Embrapa, Ceplac (Comissão Executiva do plano da Lavoura Cacaueira), cooperativas e associações estiveram no evento e apresentaram suas experiências com o manejo sustentável do agronégocio no meio ambiente.
Ao final, secretário executivo do Mapa, Luiz Gomes de Souza, entregou os troféus, diplomas e medalhas de mérito à engenheira agrônoma, Anna Maria Primavesi (autora de mais de 87 trabalhos científicos), à Usina Jalles Mchado S.A. (pioneira na comercialização de créditos de carbono), ao produtor rural Verni Wehrmann (do ramo de grãos, hortaliças, sementes e mudas de espécies nativas da região de Cristalina, Goiás), ao engenheiro florestal, Joe Carlo Valle (pioneiro da agricultura orgânica em Brasília) e ao cooperativista Henrique Balbino (fundador e presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Animais Orgânicos).
Alimento Seguro – Durante o encerramento do evento, o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Mapa, Márcio Portocarrero, destacou a importância da segurança alimentar para a economia do país. Segundo o secretário, a estabilidade gerada pela comercialização de produtos mais confiáveis trará benefícios financeiros para o Brasil. “O programa de Alimento Seguro, idealizado em junho deste ano, resultará em fortalecimento da economia, entre outros fatores”. Para tanto, o projeto prevê a promoção do acesso à tecnologia, agregação de valor aos produtos, uso sustentável do meio ambiente, entre outros fatores. Um alimento seguro, de acordo com a definição do secretário, atende aos conceitos de respeito ao meio ambiente, higiene, relações de trabalho justas, conformidade com padrões sanitários e rastreabilidade.
Portocarrero avalia que a exigência dos supermercados estrangeiros quanto às conformidades sócio-ambientais dos produtos é cada vez maior. No ano passado, enfermidades resultantes da ingestão de produtos fora dos padrões de conformidade afetaram cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo, causando 1,8 milhão de mortes.
Márcio Portocarrero já havia destacado no 8o Congresso de Agribusiness promovido pela SNA no Rio de Janeiro dias 4 e 5 de dezembro, a importância do compromisso dos produtores com a agropecuária sustentável. “Governo e iniciativa privada devem agir juntos” disse o Secretário, que convocou diversos segmentos a unirem-se ao Programa do Alimento Seguro.
Produção de carne orgânica e preservação ambiental foram apresentados no Seminário em Brasília
A carne orgânica ainda não é conhecida da maioria dos brasileiros como os produtos orgânicos de origem vegetal, como mostra pesquisa realizada pelo WWF-Brasil no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mas o tema já começa a ganhar espaço na agenda de eventos do governo.
Henrique Balbino, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Animais Orgânicos (Aspranor), participou do Seminário “Agropecuária Sustentável: um olhar para o futuro” explicando como é a produção de carne orgânica, sua relação com a preservação do meio ambiente e as perspectivas para este setor que ainda encontra no mercado externo as melhores oportunidades de comercialização.
Segundo Ivens Domingos, técnico do WWF-Brasil, o país tem uma taxa anual de crescimento da produção orgânica em torno de 10% e consegue atingir até 1% na participação no mercado mundial do alimento orgânico. Em 5 anos, a área de produção orgânica certificada no Brasil saltou de 100 mil para aproximadamente 800 mil hectares. “O mercado para produtos orgânicos no Brasil possui um grande potencial de crescimento, acompanhando a tendência de crescimento do consumo responsável”, afirma.
A Associação Brasileira de Produtores de Animais Orgânicos (Aspranor) foi criada em julho de 2004 e conta com o apoio do WWF-Brasil, que também incentiva a produção no Mato Grosso do Sul por meio da Associação Brasileira de Produtores Orgânicos (ABPO). No Pantanal, o objetivo é buscar alternativas para harmonizar a produção de alimentos com a manutenção da biodiversidade regional e dos processos ecológicos no Pantanal.
Nas fazendas de pecuária orgânica certificada é proibido o uso de fogo para manejar as pastagens e exigida a recuperação das áreas degradadas, a preservação das nascentes, das matas nas margens dos rios e nas encostas de morros. Outra exigência da certificação pelo Instituto Brasileiro Biodinâmico (IBD) é a proibição do uso de agrotóxicos no solo e hormônios para engorda dos animais. No tratamento veterinário do gado são utilizados produtos fitoterápicos e homeopáticos. Além disso, todos os animais são vacinados e têm uma ficha individual de acompanhamento em que são registradas todas as informações desde o nascimento. Isso possibilita o monitoramento da vida do animal passo a passo.
As propriedades que praticam a pecuária orgânica no Mato Grosso estão localizadas na Bacia do Rio Sepotuba, nas cabeceiras da Bacia Hidrográfica Pantaneira. As 10 fazendas certificadas e em conversão somam uma área de 29.158 hectares. A associação está com a cadeia produtiva estruturada e comercializa, por meio da indústria frigorífica, a carne orgânica no Brasil, além de exportar para Alemanha e França e negociar a entrada no mercado dos Estados Unidos.
O presidente da Aspranor, Henrique Balbino, tem realizado diversas palestras esclarecendo sobre a produção da carne orgânica. No entanto, esta é a primeira vez que participa de evento organizado pelo governo. Ele vai pedir mais apoio para a divulgação da carne orgânica e a abertura de créditos oficiais específicos para o setor. “Somos produtores diferenciados, pois temos consciência da necessidade de conciliar produção com sustentabilidade ambiental.
Minha expectativa é sensibilizar os gestores da política a apoiar mais a produção orgânica no País. Temos potencial e queremos preservar”, afirma Henrique Balbino.
A agropecuária brasileira, bastante diversificada, tem progredido devido à incorporação de tecnologias e recursos humanos altamente capacitados. O projeto agrícola brasileiro, amparado na pesquisa e ações que levam em consideração a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável, tem procurado estabelecer um novo paradigma para a abordagem da agropecuária no País.
PROGRAMAÇÃO DO SEMINÁRIO |
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Horário |
Palestras |
8h30 às 9h |
Credenciamento |
9h às 10h30
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Palestra “Agropecuária Sustentável: um olhar para o futuro” ATOS OFICIAIS |
10h30 às 12h30
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Produção Integrada de Frutas Plantio Direto na Palha Produção Orgânica de Carne Produção Sustentável de Suínos Sistema de Destinação Final de Embalagens de Agrotóxicos
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12h30 às 14h30 |
Mostra de Experiências e Brunch
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14h30 às 17h30 TRANSVERSAIS E DEBATE |
Plano Executivo de Desenvolvimento Sustentável do Agronegócio na Amazônia Legal Assessor de Gestão Estratégica do MAPA, Programa de Manejo Sustentável em Microbacias Hidrográficas Coordenador-Geral de Desenvolvimento Sustentável do MAPA, Agroenergia Diretor do Departamento da Cana-de-açúcar e Agroenergia do MAPA, Marco Referencial Agroecologia Escolas Agroecológicas Alimento Seguro |
17h30 ENCERRAMENTO |
Entrega do Prêmio “Iniciativas para o Desenvolvimento” |
Clique aqui para o trabalho de Márcio Portocarrero