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Com base nas 04 leis enunciadas por Voisin, o proprietário fará a adaptação do método à paisagem agrícola presente na propriedade. Para a montagem de um projeto de Pastoreio Voisin é necessário o cumprimento de dez etapas. Para que nove delas funcionem, é condição primordial é o convencimento do proprietário. Se isso não ocorrer, a jornada terá um curso errático e aleatório, o que significa total incerteza a respeito dos resultados obtidos.
As etapas para implantação do método, respectivamente, são:
1 – Confiança do proprietário no método.
2 – Vistoria da área onde será implantado o projeto para obtenção de informações sobre os recursos naturais, materiais e humanos disponíveis.
3 – Apropriação de detalhes internos do terreno para a obtenção de um mapa capaz de fornecer informações relevantes à elaboração do projeto.
4 – Elaboração do projeto: divisão da área em núcleos, setores e piquetes; especificação e quantificação dos investimentos, estabelecimento das metas, itens de controle, itens de verificação e métodos mais convincentes para que as metas sejam alcançadas: plano de ação anual.
5 – Educação e treinamento de campeiros e construtores de cercas.
6 – Demarcação, no campo das divisões projetadas
7 – Construção de cercas eletrificáveis e montagem da central de eletrificação
8 – Formação e preparação dos lotes de animais que ingressarão no sistema.
9 – Condicionamento dos animais
10 – Orientação técnica e gerencial ao empreendimento, através de: visitas periódicas ao imóvel; reuniões de avaliação de resultados e programação de atividades; fornecimento de relatórios de situação.
Atualmente, os conhecimentos acumulados pelos profissionais das ciências agrárias, (sobretudo brasileiros e argentinos) permitem a montagem de projetos com alto grau de certeza no sucesso de ousadas metas de produtividade na produção animal com alimentação à base de pasto verde. Além dos bovinos, outras espécies podem ser utilizadas no sistema, de modo especial bubalinos (búfalos), ovinos (ovelhas), caprinos (cabras) e suínos (porcos). O acompanhamento técnico é indispensável para que o processo se desenvolva com êxito. No Brasil, devido à sua condição privilegiada no globo terrestre, entre a linha do Equador e o trópico de Capricórnio, a luz solar incide sobre seu território durante todas as estações do ano, uma das condições essenciais para o acelerado crescimento dos vegetais, através da fotossíntese. Com isso, é possível manter permanentemente os animais em regime de pastoreio, o contrário das nações desenvolvidas, obrigadas a recolhê-los em estábulos para abrigá-los do frio e da neve. Nesses países, são necessários de 7 a 8 Kg de grãos para a produção de um quilograma de peso vivo bovino. No Brasil, podemos obter um quilograma de peso vivo com 50Kg de pasto verde, colhido diretamente pelo animal, mais água e umas pitadas de sal. Criadas as condições para tal, o próprio bovino colhe a sua comida e distribui de forma uniforme seus excrementos sobre o solo, fertilizando-o sem o uso de adubos solúveis formulados e poupando mão-de-obra.
Por ser uma tecnologia de processo, com princípios universais que podem ser adaptados ao clima, às espécies vegetais e aos solos específicos de cada região, o Pastoreio Voisin atende plenamente os princípios da agroecologia, sendo uma importante ferramenta para a implementação da chamada pecuária orgânica no país.
Fontes: Texto “Pastoreio Voisin: caminho para a pecuária sustentável”, de Humberto Sorio Jr., Instituto Elo – Botucatu – SP, 2001.
“Pastoreio Voisin: caminho para a pecuária leiteira lucrativa”, Revista “Agroecologia Hoje”, n.02, abril/maio, 2000.