Na quarta edição do evento, que teve ainda o 1º Simpósio de Pecuária Orgânica, e aconteceu de 23 a 26 de julho na Fazenda Rancharia, no Pantanal da Nhecolândia, nem o frio espantou os participantes – entre crianças e idosos – da grande festa que congregou a família pantaneira e divulgou as qualidades do cavalo pantaneiro e da pecuária orgânica

Ayrton Bacchi Neto, presidente da Associação dos Criadores do Cavalo Pantaneiro do MS (ACCP MS), explicou que a cavalgada surgiu há alguns anos como um congraçamento das famílias pantaneiras: “Antigamente havia muitas festas pantaneiras, mas que com o tempo, foram se perdendo. Então tivemos a ideia de resgatar essa tradição, que à época tinha a intenção de trazer as pessoas da serra para conhecer a planície pantaneira. Além disso, queremos difundir as qualidades da raça do cavalo pantaneiro, que suporta bravamente as adversidades geográficas da região e à lida do campo”.

André Moraes, pesquisador da Embrapa Pantanal, um dos palestrantes do simpósio, revelou que o mercado orgânico tem crescido muito nos últimos anos e a tendência é continuar, não só no Brasil, mas no mundo: “Nosso mercado consumidor é basicamente Estados Unidos e Europa. Eles compram quase toda a produção. O mercado interno é menor, mas está crescendo. O sistema em que o boi é criado no Pantanal já esta bem próximo do orgânico, então as adaptações necessárias são muito menores do que em uma propriedade fora do Pantanal. O produtor que veio ao evento tem de se associar cada vez mais para conseguir escala de produção e poder de barganha para se integrar à cadeia de pecuária com força e se estabelecer melhor”.

Leonardo de Barros, presidente da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO Pantanal Orgânico)

Leonardo de Barros, presidente da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO Pantanal Orgânico)

Leonardo de Barros, presidente da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO Pantanal Orgânico), disse que toda a produção é abatida em MS, em frigoríficos parceiros, e gira em torno de 400 reses por mês, sendo distribuída para o Brasil inteiro.

“O processo de certificação de uma propriedade orgânica dura de um a dois anos. Os animais deixam de usar produtos alopáticos, cria-se um novo sistema de bem-estar animal, com qualidade de vida para o animal e também para os funcionários da propriedade.

Exemplo disso é que a Fazenda Rancharia, através de parceiras, mantém uma escola para atender as crianças que moram na região e todos os funcionários da propriedade têm carteira assinada, o que garante qualidade de vida a todos os envolvidos no processo. Além disso, temos um protocolo interno em que vamos além do que a lei ambiental exige, para agregarmos valor ao produto”.

Nilson de Barros, vice-presidente da ABPO Pantanal Orgânico, explicou sobre a união das entidades, visando a complementação de ambos: “Em conjunto com essa edição da cavalgada, criamos o simpósio, trouxemos pesquisadores com grande experiência no mercado da carne orgânica para que pudessem expor aos pecuaristas presentes os benefícios dessa produção. Ou seja, não foi só uma festa, mas as atividades técnicas, junto com a Embrapa Pantanal e a UFMS, mostraram como é feita a produção da carne orgânica, quais os procedimentos para a certificação, enfim, trataram da cadeia produtiva da carne orgânica e esse novo modelo de produção sustentável do Pantanal. Dessa forma, temos certeza de que, com o apoio do governo estadual e de outras instituições parceiras, teremos a Cavalgada no Pantanal e o Simpósio de Pecuária Orgânica estabelecidos no calendário cultural e científico do Estado em 2010”.

O evento foi realizado pela Associação dos Criadores do Cavalo Pantaneiro do MS (ACCP MS) e Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO Pantanal Orgânico), com patrocínio da Real H, WWF Brasil e Embrapa Pantanal, e apoio da Acrissul, UPPAN, União dos Pantaneiros da Nhecolândia, Sociedade de Defesa do Pantanal (Sodepan), AVRN, Escola de Qualificação Rural da UFMS, Gráfica Pontual, Letraço, e Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, através da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Semac e Seprotur.