Pesquisas realizadas dentro e fora do país indicam que as crianças estão engordando mais rapidamente que os adultos. Só no Brasil, estima-se que, na população de 6 a 18 anos, existam pelo menos 6,7 milhões de obesos.
Em contrapartida, iniciativas pioneiras vêm sendo desenvolvidas com a finalidade de introduzir alimentos orgânicos na merenda escolar. Alimentação mais saudável e nutritiva para as crianças, introdução de novos hábitos alimentares, educação e proteção ambiental, são algumas das vantagens de programas que priorizam o alimento orgânico na dieta infantil.
Um dos grandes defensores desse movimento, atualmente, é o vereador paulistano Antonio Goulart (PMDB). Graças ao Projeto de Lei 228/02, de sua autoria, foi aprovada a Lei 14.249, que cria o Programa de Merenda Escolar Ecológica na Rede Municipal de Ensino.
Entrevistado pelo site Planeta Orgânico, o Vereador Goulart fala sobre a importância da criação e da adoção de um projeto como este.
PO – Como surgiu a idéia para a criação do projeto?
Vereador Goulart – Assustado com os altos índices de obesidade nas nossas crianças, pensei em algo que pudesse ser feito, através do Legislativo, para ajudar a combater este mal tão comum nos dias atuais. E o único modo que encontrei de ajudar efetivamente foi preparando um Projeto de Lei, que iniciasse esse processo de reeducação alimentar nas escolas da rede municipal de ensino. Ou se faz alguma coisa, a começar pela escola, ou o Brasil vai seguir o caminho dos Estados Unidos. Lá, pelo menos 30% da população sofre com a obesidade.
PO – Como funcionará o Programa de Merenda Ecológica?
Vereador Goulart – O Programa é bem abrangente, contando com a inclusão gradual de produtos hortifrutigranjeiros produzidos preferencialmente no município, seguindo procedimentos baseados em normas orgânicas. Também inclui treinamento e capacitação de merendeiras para a utilização de receitas e estratégias para acostumar as crianças e adolescentes a comerem hortaliças. Além disso, o Programa realizará discussões em sala de aula voltadas à educação ambiental e sobre os benefícios do cultivo orgânico para o meio ambiente e para a alimentação humana.
PO – Em quanto tempo este projeto passará a vigorar efetivamente?
Vereador Goulart – De acordo coma a Lei, as escolas teriam que adotar o Programa de Merenda Escolar Ecológica imediatamente após sua publicação. Mas sabemos que não se trata de algo tão simples. Mais do que nunca, será preciso a união do poder público, educadores, pais e alunos para que esse projeto possa ser posto em prática. Da minha parte haverá grandes cobranças para que as escolas cumpram a legislação. Estarei de olho.
PO – Quais as perspectivas após a aprovação deste projeto?
Vereador Goulart – Que as escolas comecem a adotar o Programa o mais rápido possível. É necessário, antes de qualquer coisa, que as crianças aprendam a importância de terem uma alimentação saudável. Em tempos que fast food é algo tão em moda, as crianças precisam de melhor orientação na hora de escolher o que comer. E não há melhor lugar para aprender que não seja a escola.
PO – Já existe alguma unidade escolar que adotou o projeto?
Vereador Goulart – No âmbito municipal ainda não. Mas posso citar como exemplo a Escola Estadual Paulino Nunes Esposo, na Avenida Sadamo Inoue – 365, no bairro Casa Grande, aqui mesmo em São Paulo. Esta escola, com a direção do Professor Rinaldo Aparecido Meroni e a Coordenação da também Professora Shirley Lourenço de Araújo, já adota uma série de atividades focadas nas linhas do Programa de Merenda Escolar Ecológica e, para tanto, desenvolveu o Pequeno Projeto Didático (PPD) Horta na Escola, que tem como tema “Mananciais: Trabalhando para o Futuro”. Como referência especial, cabe ressaltar que esta atividade conta com o apoio da Fundação Mokiti Okada e da empresa Korin Agricultura Natural, conceituada empresa no ramo de produtos orgânicos.
PO – Em sua opinião, qual será a maior dificuldade para que o Programa emplaque?
Vereador Goulart – A mudança de hábitos alimentares. Adotar o Programa, pura e simplesmente, não será o suficiente para ver bons resultados. Convencer nossas crianças de que uma bela salada pode ser muito mais deliciosa e nutritiva que um cheeseburger, por exemplo, essa sim será uma tarefa difícil. Por isso, será de valorosa importância a capacitação das pessoas envolvidas no processo. As merendeiras terão que ser treinadas, para que preparem uma comida saudável, mas atraente aos olhos das crianças, os professores serão orientados por técnicos na organização de hortas orgânicas e os alunos participarão de discussões em sala de aula. Mas, mesmo com essa possível dificuldade, eu acredito que o Programa de Merenda Ecológica será um grande sucesso.
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