Conservantes, espessantes, aromatizantes, realçadores de sabor, tudo isso misturado com proteínas, carboidratos, vitaminas, gordura e pouca fibra. Eis um resumo da nossa alimentação moderna. Contudo, saberemos realmente o que estamos comendo, hoje em dia? De acordo com o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), a resposta é um sonoro “não“. Nos últimos anos o Idec encomendou estudos que investigaram as condições dos alimentos comercializados no varejo nacional. Na média, foram encontrados problemas em 20% das amostras de alimentos analisadas. São azeites de oliva fraudados, biscoitos sem a quantidade de vitaminas mostrada no rótulo, alimentos dietéticos com problemas na composição, balas importadas com corantes proibidos. A isso soma-se o fato de que, cerca de 40% do leite e 70% das carnes vendidos no varejo não passaram por nenhuma inspeção sanitária (Bruns Neto, 2000).
Isso significa que, além de não ter uma tradição de vigiar a qualidade dos alimentos, o Brasil possui o agravante de não contar com um programa nacional de controle dos alimentos, o que faz com que a fiscalização seja insuficiente e as pesquisas sejam ocasionais e fiquem restritas aos centros urbanos. Além disso, paralelamente à carência alimentar de uma grande camada da população, a nutricionista Elaine de Azevedo, alerta para o fato de que a dieta do grupo de maior poder aquisitivo é bastante desequilibrada nos aspectos quantitativos e qualitativos. Esse desequilíbrio, por sua vez, gera como conseqüências:
Uma baixa qualidade dos produtos alimentícios com relação a sua toxicidade, refletida no grande número de aditivos químicos sintéticos, resíduos de agrotóxicos, processos de refinamento, processamento, entre outros.
Uma superalimentação protéica, excesso de calorias, consumo excessivo de sal, açúcar e gordura e conseqüente aumento de doenças crônico-degenerativas (diabetes, hipertensão, arteriosclerose, obesidade, entre outras).
Uma insuficiência de fontes de vitaminas, sais minerais, oligoelementos, pigmentos verdes (clorofila) e de fibras na dieta, sendo necessária a complementação com medicamentos desses elementos, sempre mais cara e muitas vezes sintética.
Uma importância exagerada de aspectos quantitativos e de conteúdo de calorias na dieta. O valor da alimentação não deveria ser calculado apenas pela medição de calorias ou pela ingestão adequada de nutrientes. Pois, de nada adianta consumir minerais e vitaminas provenientes de um alimento contaminado com agrotóxicos ou com um desequilíbrio na proporção de seus nutrientes, o que tornaria esse alimento incapaz de promover a vitalização e de estimulação do organismo como um todo.
É claro que, não se pretende subestimar toda a pesquisa científica que embasa a Nutrição nos dias de hoje. Sem essa base não se teria nenhum conhecimento dos nutrientes, do valor nutritivo dos alimentos e nenhuma noção do processo de regulação do metabolismo. Porém, deve-se ressaltar que vários setores da ciência contemporânea têm sido influenciados pelos princípios de análise de um método de estudo chamado Analítico. O método propõe o estudo minucioso de cada parte que compõe um fenômeno, para posteriormente unificá-las e obter a compreensão do fenômeno como um todo. Isto traz como conseqüências a especialização de diversas áreas da ciência, a profundidade dos estudos mas, também, a perda da capacidade de estudar em amplitude os fenômenos, tecendo inter-relações entre as diversas dimensões que compõe uma realidade estudada. De acordo com o agrônomo José A. Bonilla, os métodos analíticos utilizados para quantificar o valor nutritivo da alimentação são limitados ou insuficientes porque:
– Algumas substâncias que podem ser importantes (como antibióticos ou óleos essenciais) não são consideradas nos métodos clássicos.
– Os efeitos sinérgicos ou antagonísticos entre as substâncias ou grupos não são avaliados.
– A quantidade de uma substância não indica, necessariamente, sua atividade e, portanto, sua importância real. O número fornecido pela análise só apresenta a disponibilidade potencial de um elemento. Contudo, seu aproveitamento efetivo pelo organismo humano depende de outros fatores
Desta forma, a Agronomia, a Veterinária e as Ciências dos Alimentos tornaram-se excessivamente especializadas e reduziram a noção de “qualidade” alimentar a aspectos puramente nutricionais e de biodisponibilidade, desconsiderando outras dimensões como a vitalidade e a ausência de substâncias tóxicas nos alimentos, como por exemplo os agrotóxicos e aditivos sintéticos.
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