Seminário promove Agricultura Familiar, Pequenas Empresas e Bioeconomia do Brasil na sede da OCDE em Paris

Dia 26 de novembro, foi realizado na sede da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em Paris, França, o seminário “Family farming, SMEs and the bioeconomy: the experience of Brazil”. O seminário foi uma realização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, organizado pelo Green Rio, contando com apoio da OCDE, GIZ, Projeto Mercados Verdes e Consumo Sustentável.

O evento teve em sua abertura a palestra do Secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo, Fernando Schwanke, que apresentou a relação da agricultura brasileira com os objetivos do desenvolvimento sustentável. A legislação brasileira possui em suas regras a preservação ou restauração de matas nativas, assim como o novo código florestal. O Secretário Schwanke também mostrou números da agricultura familiar e do cooperativismo brasileiro.

Finalmente, introduziu aos presentes o programa nacional de bioeconomia, onde o Brasil é um protagonista diante de sua biodiversidade e oportunidades para crescimento da economia em todos seus biomas. Um dos projetos é o de plantas medicinais, aromáticas e óleos essenciais do sul do Brasil em regiões produtoras de tabaco. O cooperativismo estará presente no próximo Green Rio, em 2020, através da feira internacional para produtos da biodiversidade.

Lucia Cusmano, OCDE, foi mediadora da primeira sessão, “The role of biotechnologies and the bioeconomy in national innovation policies”, e considerou o programa do MAPA ambicioso, buscando ainda relacionar com o trabalho de crescimento inclusivo realizado pela própria OCDE.

O embaixador brasileiro na OCDE, Carlos Márcio Cozendey, esteve presente no seminário e ressaltou a importância do evento mostrando o comprometimento do Brasil com a OCDE.

Em seguida, Christophe Luguel, diretor do cluster de bioeconomia francês IAR, falou a respeito do trabalho realizado por sua organização, criada por cooperativas de fazendeiros. Atualmente, possui mais de 400 membros, reunindo produtores e também grandes empresas, como, por exemplo, L´Oreal, ADM, Total, outros. Destacou a interação de inovação já existente com o Brasil, a ambição de apoiar o país na criação de um biocluster e espera continuar colaborando.

James Philp, diretório de Ciência, Tecnologia e Inovação da OCDE, ressaltou o desenvolvimento da bioeconomia com biotecnologia. Apresentou exemplos de economia circular, como através de estações de tratamento de águas residuais, produção de plástico biodegradáveis, bioenergia e outros meios. Philp considera que a genômica em segurança alimentar possui diversas aplicações já em andamento e precisa ser mais valorizada e reportada.

Mostrou como existe no Reino Unido uma rede de plataformas públicas de engenharia biológica. Citou os cadernos disponíveis da OCDE.

Marco Marchese, economista da OCDE, apresentou graficamente como as PMEs brasileiras são altamente envolvidas em inovação num primeiro olhar. Entretanto, não produziriam muita inocação disruptiva. A maior parte das empresas brasileiras inovadoras em biotech são de pequeno porte. Apesar de existir bastante atividade empreendedora no Brasil, faltaria empreendedorismo orientado a crescimento e dificuldade em ganhar escala. Marco apresentou uma análise SWOT das políticas de inovação brasileira, tendo como alguns exemplos: forte rede de incubadoras e aceleradoras, oportunidade através de programas de inovação aberta, fraqueza nas políticas voltadas principalmente para grandes empresas e ameaças na necessidade de maior infraestrutura de inovação (ex. abertura a negócios).

Após as apresentações, houve uma discussão entre os participantes da sessão.

Fernando Schwanke destacou que o mercado no Brasil mudou, a economia está se abrindo, a geração de empregos vem aumentando, os juros nunca estiveram tão baixos, melhorando melhor políticas agropecuárias (Brasil é um dos três maiores produtores de alimentos do mundo). O Green Rio atua como um hub de mercado de bioeconomia e destacou a importância da visita ao cluster IAR realizada no dia anterior.

Tillmann Schachtsiek, do Ministério da Agricultura e Alimento no Governo da Alemanha, apresentou a cooperação Brasil-Alemanha para a bioeconomia e a importância estratégica do Brasil como parceiro na bioeconomia. Falou sobre a participação no Green Rio como local de contatos, identificação de áreas para cooperação e como alemães e brasileiros podem trabalhar conjuntamente. Anunciou que haverá a realização de novos encontros paralelos no Green Rio 2020, incluindo um novo de florestas. Florian Bittner, representante do Julius Kühn-Institut (JKI), também falou em nome do Governo da Alemanha.

Sergio Malta, da Sociedade Nacional de Agricultura, em resposta a Marco Marchese, atualizou a todos que o Brasil desenvolveu além das grandes reformas, pequenas reformas como diminuir o prazo para registro de patentes. Marco Marchese comentou que existe um tempo de atraso na análise dos dados.

Antonio Queiroz, presidente da FECOMERCIO RJ, também mostrou que a realidade recente no empreendedorismo do Brasil é diferente, dando como exemplo a criação da Escola de Empreendedorismo junto ao Sebrae, de forma a motivar as pessoas a se lançarem na atividade empresarial. Em seguida, foi apresentado o vídeo do SESC sobre o programa Mesa Brasil, o maior banco de alimentos da América Latina.

A sessão seguinte, “Rural development approaches: the OECD perspective” teve como moderador Alain Dupeyras, coordenador do centro para SMEs, Entrepeneurship, Regions and Cities na OCDE.

Enrique Garcilazo, coordenador da unidade de políticas rurais e regionais na OCDE, falou sobre políticas rurais no “framework 3.0”. Diversificação econômica, diversidade de necessidades, permitir crescimento de produtividade, especialização inteligente são estratégicas para economias de baixa densidade. Enrique comentou sobre os 10 principais direcionadores de mudanças rurais e os 11 princípios de mudanças rurais através de gráficos ilustrativos.

Oriana Romano, coordenadora de cidades e economia circular na OCDE, apresentou o conceito gráfico de 3Ps: people, policies and places. Citou a Finlândia como exemplo de economia circular e explicou o checklist de cidades e regiões. Existe o programa da OCDE para lançar um relatório em setembro de 2020 a respeito do tema. Oriana elogiou o programa SESC/ Mesa Brasil, sugerindo que seja replicado em outros países.

Alain Dupeyras comentou que os tópicos de bioeconomia têm sido bastante debatidos internamente.

Sergio Malta, SNA, apontou desafios citados nas apresentações anteriores, como, por exemplo, questões de distribuição de alimentos, saneamento, entre outros. A OCDE tem uma posição importante a respeito nas estratégias nestes temas. Organizar a cadeia de produção na bioeconomia em cadeias como as de extrativismo é um grande desafio.

Maria Beatriz Costa, CEO, Green Rio, apresentou os resultados do Green Rio 2019 e o planejamento para a próxima edição, que ocorrerá de 1 a 3 de outubro na Marina da Glória, Rio de Janeiro. Como o Green Rio se tornou uma referência no Brasil em bioeconomia, reunindo representantes de diversos estados brasileiros, indústrias e países, e o crescimento do evento, que reúne feira, conferência e inovação.

Marcelo Queiroz, Secretário de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro, falou sobre a vocação diferenciada do estado do Rio de Janeiro. Apesar da importância do petróleo e gás, há uma relevância significativa na majoritária presença de pequenos produtores rurais no estado. Apresentou projetos que investirá recursos financeiros, como em melhorias de estradas, capacitação, conectividade rural, horta urbana e alimentação escolar.

Frank Kramer, GIZ Alemanha, discutiu sobre a situação da bioeconomia na Amazônia. Pontos como biodiversidade muito alta, com grande potencial de exploração, grande número de produtores familiares, altas taxas de desmatamento e cadeias produtivas com baixo valor.

Frank destacou o que poderia ser feito na região numa perspectiva de desenvolvimento, como fortalecer a capacidade de gestão de PMEs, aumentar o engajamento nas cadeias de sustentabilidade de forma a gerar mais negócios. Alguns exemplos de projetos da GIZ na região são o CapGestão Amazônia (melhorar a capacidade de gestão em cooperativas), Gosto da Amazônia (cadeia do peixe pirarucu), PPP Natura / Symrise (cosméticos sustentáveis na Amazônia).

Ao final do seminário, Maria Beatriz Costa agradeceu aos presentes a atenção e elogiou as contribuições de todos os palestrantes, sugerindo que na próxima edição do Green Rio, 1 a 3 de outubro de 2020, sejam apresentadas possíveis parcerias e/ou projetos resultantes deste encontro na sede da OCDE em Paris.

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Encontro internacional de bioeconomia encerra firmando rede colaborativa para a Amazônia

No segundo e último dia do 1º Encontro de Bioeconomia e Sociobiodiversidade na Amazônia, realizado nesta quarta-feira (13/11/2019), na Escola Superior de Ciência da Saúde da Universidade do Estado do Amazonas (ESA/UEA), instituições participantes do evento assinaram a Carta de Intenções para criar alternativas inovadoras visando o desenvolvimento da Amazônia e do Brasil, por meio de pesquisas, novas tecnologias e estratégias para a valorização e proteção do ecossistema.

O compromisso tem como objetivo melhorar a qualidade de vida da população amazônica dentro dos princípios básicos da Bioeconomia: ser ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo, conciliando o desenvolvimento econômico com a responsabilidade social e ambiental. Além disso, foi apresentada a estrutura da Rainforest Business School – primeira escola de negócio da Amazônia, que será inaugurada em março do próximo ano na UEA.

“Esse é um cenário de colaboração e cooperação cientifica internacional. Isso é muito importante para a escola de negócios. Estaremos somando experiência com programas já existentes. O Governo do Amazonas reafirmou compromisso nesta rede colaborativa para entender estratégias para a Amazônia até 2030. Estamos todos nesse panorama envolvidos no desenho importante de realmente construir soluções para a Bioeconomia para os próximos dez anos. E a escola vem neste sentido de fortalecer e colaborar com esse sistema”, enfatizou o reitor da UEA, Cleinaldo Costa.

Sobre a Amazônia 4.0, Cleinaldo destacou a importância de fortalecer as cadeias produtivas e empoderar as populações para transformar a Bioeconomia uma das matrizes econômicas do Amazonas.

“A UEA avança neste cenário no momento que discutiu conciliar a pesquisa para os indígenas. Essa população acabava o ensino médio e não tinham outra opção de aprimoramento do conhecimento. A UEA conseguiu formatar um curso de graduação em Agroecologia exclusivamente para essa comunidade. A nossa ideia é fortalecer agora a Pós-graduação para geração de emprego e renda aos indígenas”, salientou.

Também foram discutidos temas, tais como: Amazônia 4.0; Pesquisa, inovação tecnológica e incubação de negócios; Desenvolvimento e visão do futuro; A nova economia do clima; Estudo sobre o desenvolvimento da Amazônia; Mudanças climáticas: desafios e oportunidades. Por fim, workshops debateram sobre ervas medicinais, aromáticas, condimentares, azeites e chás especiais do Brasil, além de diálogos da sociobiodiversidade e encaminhamentos do plano estratégico para a Bioeconomia do Amazonas.

O evento foi idealizado pelo GreenRio, com apoio da UEA, Governo do Amazonas, cooperação da Alemanha, GIZ, projeto Mercados verdes e consumo sustentáveis, WWF e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Fonte: Manaus Alerta

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