Morango orgânico tem polpa mais firme que convencional em pesquisa da ESALQ

Com o objetivo de determinar as diferenças na qualidade pós-colheita de morangos produzidos no sistema de cultivo orgânico e no sistema de cultivo convencional, foi realizada na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), a pesquisa “Pós-colheita de morangos produzidos no sistema de cultivo orgânico versus sistema convencional em repetidas avaliações”, pela engenheira-agrônoma Carolina Amanda Wippich Andrade.

O estudo relata que os fatores de pré-colheita afetam o cultivo de morango no campo e condicionam o bom estado do fruto na pós-colheita. Assim, as práticas como a adubação, os tratamentos fitossanitários, a qualidade da muda, as condições climáticas e a disponibilidade de água, são fatores importantes para se obter um produto com características aceitáveis.

Por outro lado, os morangos são muito sensíveis às interferências externas após a sua colheita, dependendo de uma eficiente cadeia de comercialização para que chegue até o consumidor final de forma adequada. Por se tratar de um fruto muito suscetível ao ataque de pragas e doenças durante seu cultivo comercial, é utilizada grande quantidade de produtos químicos para sua produção. “O morango figura entre os principais alimentos onde são encontrados resíduos de agroquímicos acima do limite permitido e resíduos de produtos que não têm seu uso registrado para a cultura do morango”, afirma a pesquisadora.

A qualidade de morangos produzida foi avaliada em sete pares de propriedades na região produtora do estado de São Paulo (Atibaia, Jarinú e Monte Alegre do Sul) e no sul de Minas Gerais na cidade de Senador Amaral, sendo cada par formado por uma propriedade de cultivo orgânico e uma de cultivo convencional.

O estudo, realizado no Programa de Pós-Graduação (PPG) em Fitotecnia, foi conduzido com a contribuição de diversos produtores de morangos, tanto orgânicos quanto convencionais. Esses produtores disponibilizaram a propriedade e mão-de-obra para colheita dos frutos e enriqueceram o trabalho ao compartilharem suas experiências e dificuldades enfrentadas na cadeia de produção e comercialização de morangos. Após as colheitas, as avaliações foram conduzidas no Laboratório de Pós-Colheita de Produtos Hortícolas, no Departamento de Produção Vegetal (LPV) da ESALQ, sob a orientação do professor Angelo Pedro Jacomino.

Após essas avaliações constatou-se que há diferenças na qualidade entre frutos orgânicos e convencionais e que essas diferenças podem ser confirmadas ao se estimarem, separadamente, os diferentes pares de propriedades utilizados para o estudo. Morangos produzidos no sistema orgânico possuem maior teor de sólidos solúveis e maior firmeza de polpa que aqueles produzidos no sistema convencional. Esses morangos apresentam, também, maior intensidade da cor vermelha, qundo avaliado objetivamente por um equipamento chamado colorímetro, embora essa característica tenha sido pouco evidente ao olho humano. Observou-se, também, maior teor de matéria seca, embora haja variação na análise individual de cada par de propriedades estudado. A perda de massa fresca, a densidade e os teores e acidez titulável e de ácido ascórbico não são influenciados pelo sistema de cultivo. Os frutos produzidos no sistema convencional apresentam maior teor de antocianina e menor índice de podridão que aqueles produzidos no orgânico. Para a maioria das variáveis estudadas, morangos orgânicos e convencionais não diferenciam entre si durante o período de armazenamento.

“Espera-se que os resultados da pesquisa tragam contribuições para a conscientização dos trabalhadores envolvidos na produção e na manipulação dos morangos em relação aos cuidados pós-colheita que devem ser adotados, de maneira a diminuir índices de perdas do fruto devido à inadequada manipulação.”, conclui a pesquisadora.

Fonte: ESALQ – Texto: Alicia Nascimento Aguiar / Edição: Planeta Orgânico

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Conferências Internacionais da ONU na Agenda Ambiental de 2014

 

A comunidade internacional vai lidar, em 2014, com duas negociações importantes para definir os rumos da agenda ambiental. A 20ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-20) está prevista para ocorrer entre 1º e 12 de dezembro de 2014, em Lima, no Peru. Além da COP-20 haverá a 12ª reunião de cúpula da Convenção de Diversidade Biológica (CDB), que será sediada pela Coreia do Sul entre 6 e 17 de outubro de 2014.

Vinculados à Organização das Nações Unidas (ONU), os encontros reúnem delegações de centenas de países para firmar acordos de combate ao aquecimento global e de proteção da fauna e da flora. “Deve haver convergência entre os temas. As duas conferências não podem ficar isoladas”, disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Para ela, é necessário maior esforço para confluência entre as negociações sobre clima e sobre a conservação da biodiversidade.

Na avaliação da ministra, a próxima COP em Lima, no Peru, que “será a primeira na Amazônia”, precisa resgatar a unidade que os países em desenvolvimento conseguiram na COP-19, em Varsóvia. Para contribuir na construção de um acordo mais amplo, Izabella disse que o Brasil já está em entendimento com a presidência da COP em Lima para ajudar a construir não só um engajamento dos países, mas de toda a sociedade em um diálogo, já com vistas a Paris que sediará a conferência, em 2015, quando deve ser estabelecido um novo acordo global climático para entrar em vigor em 2020.

Segundo Izabella o desafio é resgatar o espírito de confiança no ambiente de negociação nas próximas COPs. A aprovação de mecanismos capazes de diminuir as emissões de poluentes na atmosfera é um dos principais gargalos das negociações internacionais de mudanças climáticas. Para a ministra, é preciso mudar o foco das reuniões de cúpula. “Chegou a hora de parar de olhar somente para o problema e procurar as soluções. São debates acirrados em busca de um entendimento e o estresse político entre os países precisa ser eliminado”, destacou.

O subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores, José Antonio Marcondes de Carvalho, negociador-chefe brasileiro nas conferências internacionais sobre temas ambientais disse que o desafio da COP em Lima é conquistar a confiança dos países desenvolvidos.

Fonte: EBC / Edição: Planeta Orgânico Planeta Orgânico

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2013 Foi Marcado Pelo Lançamento do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – PLANAPO

 

Rogério Dias
Coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

A partir de um encontro, ocorrido em 2010, entre representantes do setor produtivo orgânico e o Presidente Lula, ficou acordado que seria importante criar uma política específica para o desenvolvimento da agricultura orgânica de forma a propiciar o acesso aos produtos orgânicos a todas as camadas da população.

Com base nesse desafio, a Câmara Temática de Agricultura Orgânica, do MAPA, passou a trabalhar na discussão e elaboração de uma proposta que integrasse as diferentes ações já em execução por diferentes órgãos de governo e incorporasse outras, necessárias e ainda inexistentes, propondo a criação de uma Política Nacional de Agricultura Orgânica.

Atendendo a essa demanda o MAPA colocou entre suas metas, para o Plano Plurianual 2012-1015, a criação da Política Nacional de Agricultura Orgânica, a ser construída em articulação com os demais órgãos de governo e representações da sociedade civil por meio da Câmara Temática e das Comissões da Produção Orgânica nas 27 unidades da federação.

Em paralelo a esse movimento, outras organizações sociais do campo também trouxeram para o governo a demanda pela criação de uma Política Nacional de Agroecologia. Devido a grande convergência de pontos de interesse existentes surgiu a idéia de trabalharmos na proposta de uma Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica,

O intenso trabalho desenvolvido por 14 organizações do governo em articulação com as entidades da sociedade civil mobilizadas por meio da Câmara Temática de Agricultura Orgânica-CTAO, das Comissões da Produção Orgânica nas Unidades da Federação-CPOrgs, da Articulação Nacional de Agroecologia-ANA e da Associação Brasileira de Agroecologia-ABA, resultou na criação da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – PNAPO, instituída pela Presidenta Dilma por meio do Decreto nº 7.794, de agosto de 2012.

A PNAPO estabeleceu como instrumento da Política o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – PLANAPO, que visa a implementação de programas e ações indutoras da transição agroecológica, da produção orgânica e de base agroecológica, que contribuam para o desenvolvimento sustentável e possibilitem a melhoria de qualidade de vida da população, por meio da oferta e consumo de alimentos saudáveis e do uso sustentável dos recursos naturais.

Entre os objetivos específicos do PLANAPO podemos destacar:

I – ampliar e fortalecer a produção, manipulação e processamento de produtos orgânicos e de base agroecológica;

II – promover, ampliar e consolidar processos de acesso, uso sustentável, gestão, manejo, recomposição e conservação dos recursos naturais e ecossistemas em geral;

III – ampliar a capacidade de geração e socialização de conhecimentos em sistemas de produção orgânicos e de base agroecológica, por meio da valorização e intercâmbio do conhecimento e cultura local e da internalização da perspectiva agroecológica nas instituições e ambientes de ensino, pesquisa e extensão; e

IV – fortalecer e ampliar o consumo de produtos orgânicos e de base agroecológica com ênfase nos circuitos curtos de comercialização, mercados institucionais e compras governamentais.

O PLANAPO está estruturado em 4 Eixos: Produção; Uso e conservação de Recursos Naturais; Conhecimento; e Comercialização e Consumo. Para cada eixo existem objetivos, estratégias e metas estabelecidas, com a identificação das iniciativas  que serem implementadas. O Plano traz um conjunto de 125 iniciativas a serem implementadas por, pelo menos, 10 Ministérios: MAPA, SGPR, MDA, MMA, MDS, MPA, MS, MCTI, MEC e MF.

Para o processo de gestão da PNAPO e do PLANAPO foram estabelecidos 2 fóruns: A Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica-CNAPO, que é composto de forma paritária por 14 representantes do governo e 14 da sociedade civil e pela Câmara Interministerial de Agroecologia e Produção Orgânica- CIAPO, composta por representantes dos 10 Ministérios citados acima.

A criação da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica é, sem dúvida nenhuma, um marco, não só para o movimento orgânico brasileiro, mas para todos que se preocupam e buscam uma transição agroecológica para toda a agricultura. Pela primeira vez temos a construção de um Plano Nacional voltado para essa temática, que mostra claramente que ações de governo existem, como se articulam, quais são suas metas, qual o recurso existente para executá-las e quem são os responsáveis por elas.

A Participação do Ministério da Agricultura no PLANAPO se dá em dezenas de iniciativas, executadas tanto diretamente pela Coordenação de Agroecologia-COAGRE e pelas Superintendências Federais de Agricultura nas unidades da federação, como pela EMBRAPA e CONAB. Dentre essas iniciativas, várias já vêm sendo executadas gerando resultados importantes para o setor orgânico.

Abaixo passamos a apresentar um balanço dos resultados alcançados, com as ações desenvolvidas pela COAGRE, até novembro de 2013, em relação às metas prevista no PPA 2012/2015 – AÇÃO 8606 – Apoio ao Desenvolvimento e Controle da Agricultura Orgânica – Pró-Orgânico.

1.1. ampliar de 26 para 90 o número de núcleos de estudos em agroecologia na rede federal de educação científica e tecnológica. Resultado – 44 núcleos apoiados, sendo 22 pelo edital de 2012 e 22  pela Chamada Pública MCTI/MAPA/MDA/MEC/MPA/CNPq Nº 81 de novembro deste ano.

1.2. Ampliar de 8.000 para 28.000 o número de unidades de produção adotando sistemas orgânicos de produção sob controle oficial. Resultado – 11.706 unidades de produção controladas por meio de 18 Organismos de Avaliação da Conformidade Orgânica credenciados e 167 Organizações de Controle Social cadastradas.

1.3. Capacitar 40.000 produtores e 20.000 técnicos do setor em tecnologias apropriadas aos sistemas orgânicos e/ou mecanismos de controle da qualidade orgânica. Resultado – 8.191, entre produtores e técnicos capacitados.

1.4. Consolidar a formação de 800 bancos comunitários de sementes elou mudas com ênfase em variedades crioulas, espécies florestais nativas e aquelas utilizadas como adubos verdes. Resultado – 363 bancos comunitários de sementes apoiados.

1.5. Elaborar ou atualizar 45 regulamentos técnicos para produção orgânica. Resultado – 3 já publicados e 3 em processo final para publicação.

1.6. Implantar a Comissão Nacional da Produção Orgânica e garantir o funcionamento das 27 Comissões da Produção Orgânica nas Unidades da Federação. Resultado – Atualmente, há 27 Comissões da Produção Orgânica implantadas e em funcionamento, em cada uma das Unidades da Federação e estamos alterando a regulamentação relativa a Comissão Nacional em função das novas atribuições que lhe foram dadas pelo Decreto nº 7.794, de agosto de 2012.

1.7. Instituir a Política Nacional de Agricultura Orgânica. Resultado – instituída a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica por meio do Decreto nº 7.794/2012 e o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica por meio da Portaria Interministerial nº 54/2013.

1.8 Tornar acessível 250 tecnologias apropriadas aos sistemas orgânicos de produção para os produtores rurais. Resultado – 16 especificações de referência para produtos fitossanitários; e 9 diretrizes e orientações técnicas para adoção de boas práticas de manejo para o extrativismo sustentável orgânico já disponibilizados e 120 fichas agroecológicas; 8 diretrizes e orientações técnicas para adoção de boas práticas de manejo para o extrativismo sustentável orgânico; e 10 cadernos para multiplicação e conservação de sementes pelos agricultores com elaboração técnica já realizada, em fase final de produção para divulgação.

Além das ações que contribuem diretamente para atender às metas do PPA, a COAGRE realiza diversas outras ações voltadas ao desenvolvimento da agroecologia e produção orgânica como as Campanhas da Semana dos Alimentos Orgânicos; a participação e apoio a eventos ligados ao tema; e articulação interinstitucional, nacional e internacional para o fortalecimento da produção orgânica brasileira; entre outras.

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2014 – Ano Internacional da Agricultura Familiar

 

2014 foi declarado o Ano Internacional da Agricultura Familiar. O Ano Internacional teve seu lançamento oficial no dia 22 de novembro de 2013, na sede das Nações Unidas, em Nova York. A promoção do Ano Internacional foi confiada à Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em colaboração com governos, agências internacionais de desenvolvimento, organizações de agricultores, organizações não governamentais e todas as outras organizações do sistema das Nações Unidas.
O Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF) 2014 visa a aumentar a visibilidade da agricultura familiar e dos pequenos agricultores, focalizando a atenção mundial em seu importante papel na erradicação da fome e pobreza, provisão de segurança alimentar e nutricional, melhora dos meios de subsistência, gestão dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e para o desenvolvimento sustentável, particularmente nas áreas rurais.

O objetivo do AIAF 2014 é reposicionar a agricultura familiar no centro das políticas agrícolas, ambientais e sociais nas agendas nacionais, identificando lacunas e oportunidades para promover uma mudança rumo a um desenvolvimento mais equitativo e equilibrado.  O AIAF 2014 vai promover uma ampla discussão e cooperação no âmbito nacional, regional e global para aumentar a conscientização e entendimento dos desafios que os pequenos agricultores enfrentam e ajudar a identificar maneiras eficientes de apoiar os agricultores familiares.

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