Produtor rural está conectado à tecnologia da informação

Pesquisa do Sebrae mostra que 71% dos donos de microempresas rurais e 85% dos proprietários de empresas de pequeno porte no campo usam smartphones para acessar a web

O universo do agronegócio no Brasil tem vivido uma ampla e profunda transformação nas últimas décadas. Cada vez mais distante dos velhos estereótipos, o pequeno produtor rural está se modernizando, incorporando novas tecnologias e mudando o modo de gerenciar os rumos do seu negócio. É isso o que revela uma pesquisa inédita realizada pelo Sebrae. Quase a totalidade dos produtores rurais (96%) usa telefones celulares e uma quantidade significativa deles utiliza smartphones para acessar a Internet.

A pesquisa “Tecnologia da Informação no Agronegócio” identificou que 71% dos donos de microempresas rurais e 85% dos proprietários de empresas de pequeno porte no campo, usam smartphones para acessar a web. Esse resultado é expressivo se for considerado que o acesso médio da população brasileira à Internet por meio de aparelhos celulares é de 62% (segundo o Google Consumer Barometer).

Para o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, a pesquisa confirma a necessidade de investimentos no meio rural, de modo a aumentar o acesso dos produtores às Tecnologias da Informação. “No mundo atual, onde o pequeno produtor precisa agregar valor ao seu trabalho e se diferenciar do restante do mercado, o acesso aos instrumentos digitais é algo fundamental para a conquista de novos públicos consumidores e para elevar o nível de competitividade do negócio”, comenta Afif.

A pesquisa do Sebrae ouviu 4.467 produtores rurais, entre 29 de março e 12 de abril, nas 27 unidades da Federação. Os dados revelaram que os produtores fazem uso restrito da Internet, seja para transações comerciais ou para divulgação, em grande parte por conta da dificuldade de acesso ou da má qualidade da conexão: 6% dos produtores já fizeram alguma compra pela Internet, 4% já usaram a Web para efetuar vendas e 16% dos empreendimentos rurais possuem página na Internet ou perfil nas Redes Sociais.

Quanto ao tema da gestão, apesar de 70% dos empreendedores já praticarem o gerenciamento administrativo e financeiro dos seus negócios rurais, apenas ¼ dos produtores fazem isso por meio de ferramentas digitais de gestão. Entretanto, a maior parte deles (64% dos entrevistados) informou que utilizariam esses recursos para gerenciar suas empresas se eles estivessem disponíveis.

Segundo a pesquisa do Sebrae, 58% dos empresários rurais que informaram não utilizar a conexão de internet móvel dizem que não o fazem, predominantemente, porque não há provedor/sinal em sua região. A dificuldade de acesso também foi a justificativa apresentada pela maioria dos produtores (64%) que não usam tecnologias digitais para a gestão do negócio. “Garantir o acesso dos pequenos produtores rurais à Internet é, não somente, assegurar um direito, mas também uma forma de atrair os jovens de volta para o campo e aumentar a renda desses empreendimentos por meio dos ganhos diretos e indiretos proporcionados pelo uso dessas tecnologias”, destaca o presidente do Sebrae.

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União Europeia próxima de uma nova legislação de orgânicos

Um acordo preliminar foi alcançado após 20 meses de negociações entre a Comissão da UE, o Conselho de Ministros e o Parlamento Europeu para uma nova regulamentação orgânica, de acordo com o portal ARC2020.

O novo regulamento prevê a eliminação de exceções criadas na atual legislação (derrogações), maior disponibilidade de sementes orgânicas, o estabelecimento de uma base de dados e a formalização da importância do solo na produção orgânica.

De acordo com o Conselho, que emitiu um comunicado, os controles também serão fortalecidos: “O novo regulamento introduz verificações sobre os varejistas e uma abordagem baseada em riscos, reduzindo assim encargos administrativos para operadores e às pequenas e médias empresas em particular”.

Haverá também uma lista mais ampla de produtos (por exemplo, sal, cera de abelha, folhas de videira, palmeiras, entre outros) e regras de produção adicionais (por exemplo, para carne de cervo, coelhos e outras aves).

Um novo sistema de certificação em grupo deve ser estabelecido para “tornar mais fácil para os pequenos agricultores mudar para a agricultura orgânica, reduzindo os custos de inspeção e certificação, bem como os encargos administrativos relacionados”, acrescenta o Conselho.

As importações provenientes de países terceiros (ou seja, fora da UE) terão de cumprir os padrões da UE: as regras de equivalência atuais, que exigem que os países que não pertençam à UE para cumprir padrões similares, mas não aos mesmos, serão eliminadas em cinco anos. Em circunstâncias excepcionais, a Comissão poderia, por um período renovável de dois anos, permitir as importações de produtos específicos, mesmo que não estejam totalmente em conformidade com as normas da UE (por exemplo, devido a condições climáticas específicas).

Tradução e edição: Planeta Orgânico

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Produção de alimentos sem uso do solo e com selo orgânico gera reclamações nos Estados Unidos

Atualmente, a legislação da USDA (órgão equivalente ao Ministério da Agricultura no Brasil) permite que a produção orgânica não utilize obrigatoriamente o solo. Isto vem causando muita reclamação de produtores orgânicos no país nos últimos anos e está na pauta da próxima reunião da Comissão Nacional de Padrões Orgânicos do país.

As definições não são totalmente claras quanto a diferenças nos conceitos de hidroponia, aquaponia, ou até como biopônico. Entretanto, todos utilizam, da mesma forma, a água ou sistemas container (através de compostos) como principal base para produção, e não diretamente o solo, que é o principal motivo dessa discussão.

O Senado americano entrou no assunto por uma comissão própria. O senador Pat Roberts comentou que a insegurança a respeito cria dúvidas e falta de transparência quanto ao consumo de orgânicos para o consumidor, além de impedir que produtores utilizem novas tecnologias.

De acordo com Linxey Dixon, analista do Cornocopia Institute, “as fazendas orgânicas promovem comunidades biodiversas de microorganismos no solo por compostagem, cultivo de cobertura e ciclagem de nutrientes”. Segundo a pesquisadora, discutir sobre plantio como orgânico sem obrigatoriedade do solo só atrapalha o sistema orgânico de produção no país.

O representante da Wholesum Harvest, um dos principais produtores do sistema aquapônico com certificação USDA no país, afirmou na comissão do Senado dos Estados Unidos que obrigar a utilização do solo irá reduzir drasticamente o consumo de orgânicos no país.

No Brasil, a legislação exige que a produção orgânica seja feito em solo. Na União Europeia, a nova legislação, em fase final de discussão, também prevê a obrigatoriedade do uso do solo para todos os países membros.

Fonte: Planeta Orgânico (com dados da USDA e Cornucopia Institute)

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Planeta Orgânico entrevistou Cícero Bley, Especialista e Pioneiro em Biocombustíveis, Sobre Biogás

O Planeta Orgânico entrevistou Cícero Bley, engenheiro agrônomo, consultor especializado em biocombustíveis, ex-diretor de energias renováveis da Itaipu Binacional e membro da ABIOGAS.

Por favor, explique um pouco sobre a bioenergia para os leitores do Planeta Orgânico.

Energia é um componente essencial de uma economia para o desenvolvimento. Assim, o tema bioenergia sempre será um componente infraestrutural da bioeconomia ou do desenvolvimento em bases biológicas.

A bioenergia está contida na biomassa do planeta, nos vegetais superiores e inferiores pelos processos da fotossíntese (fixação da energia solar). Assim como são produzidas pela ação de microorganismos, atuando na biodigestão pela via aeróbica (compostagem) e anaeróbica (biodigestão) de resíduos orgânicos. Tudo o que é velho, fraco ou doente e cai na natureza, solos e águas, é processado pela biodiversidade especializada.

E como se utiliza o biogás neste contexto?

Nos processos de biodigestão anaeróbica obtêm-se o biogás, um combustível natural, composto basicamente de CO2 e CH4 (metano) – este último com valor energético comparável ao do Gás Natural do petróleo e 95% menos poluente do que este, em termos de emissões de gases do efeito estufa. Aliás, o gás metano é 21 vezes mais agressivo do que o seu equivalente gás carbônico. Para cada metro cúbico de metano consumido para gerar energia, obtêm-se 21 vezes menos de gás carbônico.

O biogás é muito versátil. Pode ser aplicado para gerar energia elétrica, na razão de um metro cúbico para cada 2,3 kW-hora produzido, assim como depois de refinado, com 98% de metano, pode substituir o Gás Natural na razão de 1:1. Portanto, pode substituir também o diesel e a gasolina como combustível automotivo e também o GLP utilizado como fonte para energia térmica em substituição a lenha. Tanto para a secagem da produção, como para o cozimento.

Qual a relação de setor de alimentos com o biogás?

Os alimentos são constituídos de água, energia e biomassa. Assim que colhidos por ação humana, os alimentos começam a ser processados, o que ao mesmo tempo produzem resíduos, sólidos e líquidos. A FAO publicou, em 2013, um alerta ao mundo, sobre a produção desses resíduos mostrando que na produção e colheita perde-se 25% dos alimentos e no processamento e armazenagem perde-se mais 25%.  O que, convenhamos, são perdas absurdas que podem e devem ser evitadas e/ou incorporadas à produção.

Quais as perspectivas atuais de incentivo ao biogás no Brasil?

O Governo Federal – MME (Ministério de Minas e Energia) está dando prosseguimento ao Programa RenovaBio que abrange etanol, biodiesel, bioquerosene e biogás. Este programa deverá virar uma Política de Estado.

Este esforço de governo para introduzir de vez os biocombustíveis na matriz nacional tem como intenção, de fundo, a redução de emissões de gases de efeito estufa. O Brasil precisa utilizá-los para produzir os indicadores comprometidos na Conferência de Paris.

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