Níveis crescentes de CO2 podem afetar valor nutricional de cereais

Níveis crescentes de dióxido de carbono (CO2) vão afetar o valor nutricional de cereais importantes para a alimentação, com o arroz e o trigo, alertaram cientistas em um estudo publicado nesta quinta-feira na edição impressa da revista “Nature”.

De acordo com os pesquisadores, os agricultores deveriam se concentrar na preocupante vulnerabilidade destes gêneros às emissões crescentes de carbono.

No artigo publicado, foram testadas 41 cepas de seis cultivos plantados em campos abertos de sete locais em Austrália, Japão e Estados Unidos, onde as plantas foram expostas a níveis altos de CO2 liberados por gasodutos horizontais.

O ar normal tem concentrações de CO2 de cerca de 400 partes por milhão (ppm), que atualmente está subindo em torno de dois a três ppm ao ano. Em seu ambiente “enriquecido com carbono”, as plantas experimentais cresceram em condições de 546-586 ppm de CO2, uma cifra que em cenários pessimistas pode ser alcançada em meados do século.

Isto se traduz em um aquecimento de mais de 3ºC com base em níveis pré-industriais, enquanto os países-membros das Nações Unidas se comprometeram a limitar a elevação das temperaturas a 2ºC.
Menos minerais

Os níveis de zinco, ferro e concentrações de proteínas nos cultivos de trigo nos campos diminuíram 9,3%, 5,1% e 6,3% em comparação com o trigo cultivado em condições normais, afirmaram os cientistas. No arroz, os níveis de zinco, ferro e proteína despencou 3,3%, 5,2% e 7,8%, embora essas cifras variem muito de acordo com as diferentes cepas testadas.

Outras quedas foram observadas no zinco e no ferro em campos de cultivo de ervilha e soja, mas houve poucas mudanças em seus níveis proteicos. Em contraste, o impacto do CO2 “enriquecido” no milho e no sorgo foi relativamente menor.

“Este estudo é o primeiro a solucionar a questão de se as concentrações crescentes de CO2, que têm aumentado firmemente desde a Revolução Industrial, ameaçam a nutrição humana”, disse Samuel Myers, cientista de saúde ambiental da Escola de Saúde Pública de Harvard.

“A humanidade está fazendo uma experiência global ao alterar as condições ambientais no único planeta habitável que conhecemos. À medida que esta experiência se desenvolver, sem dúvida haverá muitas surpresas”, continuou.

O estudo alertou os agricultores a adaptar os cereais essenciais para torná-los menos sensíveis ao aumento do CO2. Sem ajuda, os países mais pobres poderão ficar expostos a uma nutrição decadente, acrescentou. Cerca de dois bilhões de pessoas sofrem de deficiências de zinco e ferro, que podem afetar o sistema imunológico e provocar anemia, respectivamente.

Veja como quantificar, reduzir e compensar as emissões de gases de efeito estufa em empreendimentos, empresas, produtos e eventos:

A elaboração de Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) é o primeiro passo para que uma instituição ou empresa possa avaliar como as suas atividades impactam o meio ambiente e identificar estratégias para contribuir para o combate às mudanças climáticas.

Conhecendo o perfil das emissões qualquer organização pode dar o passo seguinte: o de estabelecer estratégias, planos e metas para redução e gestão das emissões de gases de efeito estufa, engajando-se na solução desse enorme desafio para a sustentabilidade global.

A Eccaplan aplica a metodologia do GHG Protocol (The Greenhouse Gas Protocol – A Corporate Accounting and Reporting Standard) em seus inventários de emissões.

O GHG Protocol foi desenvolvido pelo World Resources Institute (WRI) em associação com o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), além de ter sido resultante de parcerias com empresas, ONGs e governos.

Fonte: ECCAPLAN

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Café da manhã comemora Semana dos Orgânicos

Para comemorar a 10ª edição da Semana dos Alimentos Orgânicos, a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SDC/Mapa), realizou nesta quinta feira (29), na sede do ministério, um café da manhã com a presença de produtores orgânicos e autoridades.

“A Semana dos Orgânicos foi criada para fortalecer ainda mais a produção orgânica no país. Hoje podemos ver que a produção do alimento, além de ser saudável, é também rentável aos produtores”, pondera o secretário da SDC, Caio Rocha.

Representando a presidenta da República Dilma Rousseff, o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, contou sua experiência enquanto pequeno produtor de orgânicos e propôs fazer um esforço concentrado para montar uma mesa de negociação com os produtores, ministério e presidência para atender às reinividicações do setor.

Uma das principais pretensões do setor é a agilidade no processo de crédito para o desenvolvimento das lavouras. De acordo com o produtor Pedro Diniz, o orgânico é hoje a melhor opção para sustentar a alimentação. “Podemos ver que o produto orgânico não é só viável, mas é o jeito mais sustentável de se alimentar”, disse.

Atualmente, a área de orgânicos no Brasil é de 1,5 milhão de hectares, contando com quase sete mil produtores, mais de 10 mil unidades de produção e quase 200 organismos de controle.

Mais informações para a imprensa:
Assessoria de Comunicação Social
(61) 3218-2203
Diovana Miziara
diovana.miziara@agricultura.gov.br

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Agricultura familiar é protagonista na produção de alimentos saudáveis

A vida corrida e agitada levada por grande parte dos brasileiros faz com que poucos se preocupem com a alimentação saudável. Em virtude disso, o número de pessoas com problemas de saúde, como diabetes, hipertensão e colesterol alto tem crescido assustadoramente. Além disso, no Brasil, mais de 65 milhões de pessoas – 40% da população – estão com excesso de peso, enquanto 10 milhões são considerados obesos, segundo dados da Associação Médica Brasileira (AMB).

Fonte de alimentos saudáveis, a agricultura familiar pode ser protagonista na mudança desse cenário. O segmento é uma alternativa ao consumo de alimentos congelados, fast food, frituras e refeições ricas em sódio, cada vez mais consumidas em território nacional. Em virtude da importância do setor, a ONU declarou 2014 como Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF).

O secretário da Agricultura Familiar do MDA, Valter Bianchini explica porque o segmento é grande produtor de alimentos saudáveis. “A agricultura familiar, por trabalhar sistemas mais diversificados, por ser uma agricultura que utiliza o mínimo de insumo externo, por integrar lavoura e pecuária, há uma forte correlação com a produção do alimento saudável”, afirma.

Bianchini lembra, ainda, que os produtos podem ser encontrados em mercados, legitimamente identificados pelo Selo de Identificação da Agricultura Familiar (Sipaf). “Há hoje um portifólio de tecnologias que vão mostrando cada vez mais a possibilidade de termos uma agricultura sustentável, produzindo alimentos saudáveis para o conjunto da população. Os selos da Agricultura Familiar e da Agricultura Orgânica trazem, cada vez mais, um produto socialmente justo, produzido de forma ambientalmente correta, sendo a garantia de um produto saudável”, lembra.

O representante da Organização Panamericana de Saúde (Opas), Enrique Jacoby, em seminário sobre o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), também reconheceu a importância do setor para a saúde. “Aprendi e creio que é muito importante observar que falar de agricultura familiar é falar de desenvolvimento, saúde e biodiversidade. Este segmento é protagonista na produção de alimentos saudáveis”, aponta.

Segundo Jacoby, dos 20 maiores fatores que colocam em risco a vida do ser humano 15 estão ligados diretamente com a má alimentação. “Basicamente, o que coloca a vida em risco é a alimentação de baixa qualidade. Temos que promover os alimentos naturais e consumir cada vez menos alimentos processados”, salienta o peruano.

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Agricultura Familiar, Geração de Renda e Agregação de Valor

No dia 7 de maio de 2014, no evento Green Rio, foi realizado o painel “Agricultura Familiar, Geração de Renda e Agregação de Valor”, que contou com três importantes apresentações:

  • De movimento a negócio, da tradição a modernidade. 
    Enio Queijada – Sebrae – Unidade de Atendimento Coletivo
  • Agricultura familiar e mercados institucionais. 
    Sérgio Coelho – Ministério do Desenvolvimento Agrário
  • Modelo de desenvolvimento para o pequeno agricultor. 
    André Funcke – Núcleo de pesquisa Mercado, Redes e Valores – CPDA/UFRRJ
  • André Funcke foi moderador deste painel e , baseado nas apresentações realizadas, escreveu o artigo a seguir.

    A agricultura orgânica e a agricultura familiar tem enorme sinergia dentro da organização produtiva rural tanto no Brasil quanto no Estado do Rio de Janeiro. Não só a agricultura orgânica é praticada principalmente por pequenos produtores, como há uma grande variedades de políticas públicas objetivando a capacitação da agricultura familiar na produção de orgânicos, bem como preferência na aquisição de orgânicos em programas de compras de alimentos promovidos pelo governo federal. O acesso à mercados de forma a garantir apropriação de valor justa pela venda de seus produtos, tem sido um dos maiores desafios do pequeno agricultor no Brasil, seja ele agricultor orgânico, familiar ou ambos.

    A agricultura familiar, oficialmente reconhecida com a criação do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, conta com 4,4 milhões de produtores, corresponde a 38,4% do VBP agropecuário do Brasil e é responsável pela produção de 70 % dos alimentos consumidos no país e por. O MDA vem apoiando os pequenos agricultores nas áreas de desenvolvimento agrário, crédito agrícola, fomento e capacitação, contando com recursos da ordem de 187 bilhões de Reais.

    A partir de 2006, foram criados dois novos mercados institucionais de grande importância para a agricultura familiar. O PAA – Programa de Aquisição de Alimentos – é uma ação do Governo Federal para colaborar com o enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil e, ao mesmo tempo, fortalecer a agricultura familiar. Par isto, o programa utiliza mecanismos de comercialização que favorecem a aquisição direta de produtos de agricultores familiares ou de suas organizações, estimulando o processo de agregação de valor à produção. O segundo mercado é determinado pelo PNAE – Plano Nacional de Alimentação Escolar, cuja legislação determina que 30% do valor repassado pelo FNDE para fins de merenda escolar deve ser gasto em compras diretas da agricultura familiar do município ou de regiões próximas às escolas. Este programa, entre outras regras, prioriza a aquisição de alimentos orgânicos visando a sustentabilidade do meio ambiente e a qualidade da alimentação que compõe a merenda escolar.

    De acordo com o CONDRAF – Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, os principais desafios estratégicos da Agricultura Familiar são:

    • Aumento de produção, ganhos de produtividade, e agregação de valor no processo produtivo, nos produtos e nos estabelecimentos.
    • Ampliar a capacidade de gestão produtiva e de comercialização, fortalecendo a cooperação
    • Avançar na adequação de regras e normas de produção, processamento e comercialização
    • Desenvolvimento e aproximação da agricultura familiar com o mercado consumidor, favorecendo circuitos curtos de comercialização, sem extensas redes de intermediários.

    Por outro lado, a agroecologia vem recebendo cada vez mais apoio de instituições governamentais de privadas para o seu desenvolvimento. Inicialmente com grande foco no mercado internacional até a década de 90, este segmento produtivo conta atualmente com grande apoio para o seu desenvolvimento e estruturação visando o mercado doméstico. Os recursos oficiais destinados à agricultura orgânica montam cerca de 8 bilhões de Reais (PLANAPO, sem considerar recursos do MDIC, Embrapa, emendas parlamentares e outros programas). Em particular, o Sebrae conta com 20 projetos ativos neste segmento, presentes em 103 municípios e contando com recursos da ordem de 75 milhões de Reais.

    O setor de alimentos orgânicos, tem por sua vez, como principais desafios:

    • Tornar o setor “orgânico” e não fragmentado
    • Fazer com que recursos sejam efetivamente demandados e utilizados
    • Ter uma visão estratégica única e compartilhada
    • Ter maior inserção da iniciativa privada
    • Aproveitar os mercados institucionais.

    Um estudo realizado pela UFRRJ através do CPDA, discute a organização de pequenos produtores para acesso aos diferentes mercados à sua disposição. Tomando como base os mercados e suas demandas de qualidade, este estudo visa identificar quais são a competências que os pequenos produtores devem adquirir para acessar cada tipo de mercado, de forma a conseguir a correta apropriação de valor associada a seus produtos.

    Este projeto foi desenvolvido por encomenda da Fundação Banco do Brasil e seus levantamentos consideraram 10 municípios do Estado do Rio de Janeiro com forte presença da agricultura familiar e de assentamentos rurais. A discussão realizada neste estudo demonstra que os mercados a disposição dos pequenos produtores podem ser divididos em 5 tipos, sendo que cada um deles demanda diferentes níveis de qualidade e de organização, permitindo que o produtor se capacite de forma progressiva, conforme mostra a figura 1 abaixo.

    Figura 1 – Modelo de Desenvolvimento Progressivo de Competências para Acesso ao Mercado.

    Colocando de forma simplificada, o pequeno produtor que tradicionalmente atua no mercado local em condições de concorrência espúria pode dar o primeiro passo em direção a novos mercados ao se capacitar para acessar o PAA a partir da aquisição de competências sobre associativismo. Estas competências idealmente, mas não necessariamente, podem estar vinculadas à aquisição de infraestrutura de galpão.

    O segundo passo é o acesso ao PNAE e está relacionado com a aquisição de competências relacionadas com logística e introdução de conceitos de qualidade na operação do dia a dia dos produtores. Estas competências devem estar associadas à aquisição de veículo de carga para coleta de produtos nas propriedades produtivas, assim como entregas.

    O terceiro passo é o acesso a mercados de qualidade onde é necessário observar padrões complexos de qualidade e, em alguns casos, algum tipo de certificação. Portanto, os produtores devem ter capacidade de compreender e implantar padrões de qualidade e obter melhorias na infraestrutura onde realiza seleção e embalagem de alimentos.

    Finalmente, para acessar o varejo os produtores precisam implantar processos de rastreabilidade dos alimentos.

    Os principais ensinamentos fornecidos por este projeto de pesquisa são:

    • Existe uma ampla oferta de políticas públicas nas diversas instâncias (municipal, estadual e federal) que abrangem todas as necessidades de capacitação, financiamento e aparelhamento da agricultura familiar. No entanto, o pleno aproveitamento desta políticas por parte dos pequenos produtores depende do ordenamento em que estas políticas são aplicadas.
    • A organização coletiva de pequenos produtores é a base para que estes agricultores tenham condições de adquirir as habilidades necessárias para acessar os diversos tipos de mercados e deve ser o primeiro passo a ser tomado em direção à busca da dinamização econômica da atividade agropecuária.
    • Os mercados institucionais construídos a partir de 2006 (PAA e PNAE), cumprem um papel fundamental no processo de organização do produtores familiares visando agregação de valor aos produtos e acesso a mercado. Eles representam um ambiente protegido no qual os pequenos produtores podem dar os primeiros passos em direção a mercados de qualidade e diminuem o salto de qualidade exigido dos produtores que desejam ampliar suas vendas além do mercado local, no qual dificilmente encontram uma remuneração adequada.
    • O modelo organizacional proposto, pode ser usado tanto como base para o desenvolvimento local com foco em um município ou área produtiva, quanto como ferramenta de diagnóstico para identificar associações de produtores com competência para acessar um determinado mercado.

    Bibliografia:

    Wilkinson, J.; Funcke, A. L.; PEREIRA, P. R. F. Proposição do modelo organizacional para os municípios diretamente influenciados pelo Comperj. In: ANÁLISE E ESTRUTURAÇÃO ORGANIZACIONAL PARA ACESSO AOS MERCADOS. Fundação Banco do Brasil, 2013.


    Neste estudo os mercados de qualidade foram representados pelo mercado de refeições coletivas, porém podemos considerar a mesma abordagem para outros mercados a exemplo de orgânicos, fair trade, gastronomia, circuitos curtos de comercialização e signos distintivos de qualidade.

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