Luís Alexandre Louzada
Você já ouviu falar no “fruto que chora”? Em língua tupi, essa é a tradução, por extenso, de açaí, que pode ser explicada pela grande quantidade de líquido que é extraída de seu interior. Espécie tipicamente silvestre, o açaizeiro – a árvore que produz o açaí -, é um tipo de palmeira nativa da Amazônia, encontrada em diversos estados brasileiros, como o Amapá e o Mato Grosso, e também em outros países, como a Venezuela e o Equador. No entanto, é o Pará que abriga a maior parte da reserva natural do fruto, respondendo por 95% de sua produção nacional.
Para o consumidor, o açaí revela-se um excelente complemento alimentar, com propriedades antioxidantes, graças à presença de substâncias como carotenóides, antocianinas, compostos fenólicos, beta caroteno e licopeno, que ajudam a combater os radicais livres – responsáveis pelos processos degenerativos do organismo, entre eles, o envelhecimento. Sua polpa contém cálcio, ferro, fósforo, fibras, potássio, proteínas, vitaminas B1, B2, C e gordura vegetal semelhante ao óleo de oliva.
Produção orgânica
O fruto produzido de forma orgânica é um aliado, em potencial, da saúde, e requer cuidados especiais. “O açaí orgânico apresenta grandes diferenças antes mesmo da colheita. Tudo começa a partir da aplicação de técnicas de manejo agroflorestal em áreas certificadas, passando por cuidados importantes durante a colheita, as chamadas Boas Práticas de Campo, seguindo para o acondicionamento adequado no transporte até a indústria. Cada etapa requer acompanhamentos e registros” – explica Leonilda Fagundes, diretora da Bio EcoBrazil – empresa que acumula experiência de quase dez anos na cadeia produtiva do açaí no estado do Pará.
Leonilda informa que o processamento do açaí orgânico deve ocorrer em menos de 24 horas após a colheita. “Um dos principais fatores determinantes na conservação dos benefícios antioxidantes é a rapidez para o processamento. Do contrário, perde-se as propriedades do fruto. Quanto mais fresco ele for processado, há mais chances de preservar seus fatores nutricionais. Além disso, o sistema de processamento do açaí orgânico consegue acompanhar com mais segurança os pontos contaminantes ao longo da cadeia produtiva”.
“Todos esses procedimentos”, ressalta Leonilda, “asseguram que o açaí a ser consumido esteja integro não só em relação à segurança alimentar, mas também no tocante à responsabilidade humana que envolve o grupo de produtores extrativistas e o consumidor final”.
A nível industrial, a diretora lembra que a indústria processadora da matéria prima orgânica deve ser auditada por instituições certificadoras, e credenciadas em âmbito internacional. Além disso, é bom frisar que, desde o início de 2011, o Ministério da Agricultura passou a exigir a utilização do Selo Orgânico Brasileiro, garantindo ao consumidor que o produto passou por auditoria.
Já a diretora técnica da BioSafe Segurança de Alimentos, Cynthia Annes Rubião, vai mais além quanto às boas práticas de fabricação: “Os procedimentos que visam a garantir a segurança dos alimentos reduzem ao máximo todos os tipos de contaminação microbiológica, química e física. O açaí é um fruto que está particularmente suscetível a conter uma concentração perigosa de microorganismos, principalmente bactérias, já que é constituído por altos teores de proteínas e gorduras. Sendo assim, a higiene durante a produção e o processamento térmico são excelentes medidas para se prevenir a veiculação de possíveis doenças”.
Consumo
Pesquisa recente realizada pela Universidade Federal do Pará revelou que uma tigela de açaí supre o total diário de fibras necessárias a um adulto, ajudando inclusive na regularização das funções intestinais.
No entanto, o critério para uma possível substituição da refeição requer muito cuidado. É o que informa a nutricionista Adriana Bassoul, do Sítio do Moinho. “Uma refeição deve ser composta por alimentos que proporcionem equilíbrio. O açaí é calórico e nutritivo, mas é importante lembrar que cada indivíduo tem necessidades nutricionais diferentes e que devem ser respeitadas”.
Outro fator determinante na escolha do produto é o conteúdo. “É importante prestar atenção nos ingredientes dos açaís comercializados. Muitas vezes são misturados com outros ingredientes, e isso faz com que suas características originais fiquem diluídas ou diferenciadas” – alerta Adriana.
Leonilda Fagundes, da Bio EcoBrazil, segue a mesma linha de pensamento. “Os nutrientes presentes no açaí são muitos, mas é necessário prudência com as receitas que acrescentam xaropes e outras substâncias, ou seja, um turbilhão de calorias vazias que não terão outra função no organismo a não ser engordar”. Segundo a empresária, “os benefícios são maiores quando o fruto é consumido puro, na forma de polpa. Quanto mais aditivos contiver a composição, menor será o efeito do alimento em si”.
Por ser considerado calórico (100 gramas possui cerca de 247 calorias), o açaí – que também pode ser encontrado em algumas marcas de barras de cereais orgânicas – deve ser consumido, segundo especialistas, em associação à prática de exercícios físicos. Neste caso, torna-se uma excelente fonte de energia, isto é, uma “caloria do bem”.
Receita de açaí orgânico 1 saquinho de polpa de açaí congelada orgânica de 100g. – 1 banana – ½ copo americano de suco de mamão – ½ colher de sopa de açúcar orgânico (se preferir, adoçante) – 3 colheres de algum tipo de farinha de fibras. |
Serviço
Bio Ecobrazil – www.bioecobrasil.com.br
Bio Safe – www.biosafelab.com.br
Sítio do Moinho – www.sitiodomoinho.com
O Pará abriga a maior reserva natural de açaí, respondendo por 95% da produção nacional
Fonte: Revista Orgânicos&Cia
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