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“Carlos Henrique e Paulo Levy da CEARAPI comentam sobre o mercado de mel orgânico. Confira abaixo a entrevista.”

Quais seriam os diferenciais de produção e qualidade do mel orgânico da Cearapi?
Por que as características da região são favoráveis à produção?

R. Todo o nosso mel é proveniente de zonas, aqui do nordeste, que têm floradas nativas, não cultivadas, fato que corrobora para que o nosso produto seja 100% livre de resíduos (agrotóxico, defensivos, etc.) que, geralmente, são utilizados na agricultura convencional e passam para o mel através da atividade da abelha. Além disto, no manejo e extração do mel são verificadas todas as normas de higiene requisitadas pelo Ministério da Agricultura e por nossa certificadora, o IBD, por exemplo, todo o material utilizado deve ser de aço inoxidável, os apicultores devem usar roupas apropriadas e extrair o mel em locais devidamente inspecionados pelo SIF (serviço de inspeção federal)

No ponto de vista da Cearapi, como vem se desenvolvendo o mercado de mel orgânico no Brasil e exterior nos últimos anos?

R. Na Europa, o mel orgânico vem encontrando crescente aceitação devido a conscientização da população no consumo de produtos livres de resíduos, esta tendência é mais perceptível na Alemanha e Inglaterra. Nos EUA, o mercado está descobrindo os benefícios do orgânico de forma geral e também vem apresentando um crescimento acentuado no consumo. No Brasil, o mercado, até para o mel convencional, ainda é reduzido. Necessita-se de um trabalho de divulgação para que a população passe a ver o mel, como item de alimentação, e não apenas como um produto terapêutico.

O mercado doméstico de mel orgânico pode crescer ainda mais? O que poderia ser feito para torná-lo mais presente na mesa do brasileiro? Em algumas escolas públicas o mel (convencional) está sendo inserido na merenda escolar, por exemplo.

R. Notamos cada vez mais o interesse das pessoas no mel, pois são evidentes os inúmeros benefícios que ele traz a saúde, mas ainda precisa de um esforço das entidades ligadas ao setor apícola para que, através de uma ação de mídia, se possa propagar o produto de forma mais ampla. A inserção do mel na merenda escolar é uma iniciativa louvável, pois condiciona a criança e o adolescente a uma alimentação saudável que é o passo inicial para a busca de produtos orgânicos.

O diferencial na exportação de orgânicos vem sendo reivindicado a muitos anos e a Camex recentemente levou adiante esta questão: /encontrobr-german06.htm
Tratar da diferenciação do mel orgânico, perante o convencional, dentro do sistema de exportação seria uma prioridade para os produtores do setor? Por que?

Atualmente não existe essa diferenciação do que é exportado. No número final se computa o produto convencional juntamente com o orgânico, sem critério algum que possa gerar dados para se quantificar o percentual de cada um. Com o sistema diferenciado, teremos meios de analisar a crescente produção e exportação do mel orgânico.

O que poderia ser feito pelo governo brasileiro nos próximos anos para apoiar o setor de mel como um todo e mais especificamente o orgânico?

No momento, nosso principal problema é o embargo europeu às importações de mel do Brasil.
É um desafio que vem sendo enfrentado, de forma árdua, pelos exportadores. O governo brasileiro, através do Ministério da Agricultura, se comprometeu a apresentar em breve um plano que reverta esta situação. Caso seja aceito pela comissão européia competente para julgar esta questão, os exportadores terão que reconquistar todo um mercado que vinha sendo trabalhado lentamente. Com esta interrupção, nós teremos que começar tudo praticamente do zero, e o apoio governamental será de fundamental importância.

Finalmente, como o mel orgânico pode ser visto como um apoiador da produção familiar e da geração de mais renda e trabalho no Brasil?

A produção de mel é uma atividade basicamente familiar. Principalmente aqui no Nordeste a apicultura tornou-se geradora de empregos e fonte de renda para muitas famílias que antes dependiam da agricultura sazional.