Evandro Peçanha é diretor do Sebrae RJ e apóia os orgânicos antes deste setor ser reconhecido como tendência de consumo.
Confira a entrevista de Evandro e saiba como o Sebrae está se programando para os mega eventos no Rio de Janeiro.
O alimento orgânico é uma prioridade na agenda do Sebrae-RJ? Quais os principais desafios e oportunidades no Estado do Rio no seu ponto de vista?
Evandro: Sim. Entendemos que a produção orgânica é um importante instrumento de diferenciação do pequeno produtor fluminense na economia do estado, pois tem um valor agregado inerente, já que traz na sua essência os pilares da sustentabilidade: saúde, consciência social e meio ambiente.
As oportunidades para os produtores de orgânicos são crescentes, principalmente se pensarmos no calendário dos grandes eventos que acontecerão no Rio de Janeiro. A cidade receberá, em grande escala, turistas estrangeiros acostumados ao consumo de produtos orgânicos. E, mesmo no mercado doméstico, o produto orgânico ganha cada vez mais espaço nas gôndolas das principais redes de varejo do estado do Rio de Janeiro. Outro importante indicador para avaliação é o aumento do interesse dos restaurantes fluminenses na busca de fornecedores desse tipo de produto. Mas também há diversos desafios a enfrentar. Afinal, ainda é pequena a oferta de produtos orgânicos no estado do Rio de Janeiro diante do potencial de crescimento que tem, já que são poucos os produtores que se apresentam com espírito empreendedor aguçado e que enxergam a produção orgânica como uma atividade econômica rentável. Entendemos que este fato é o principal responsável pela demanda reprimida dos produtos orgânicos.
O carioca é um dos principais consumidores interessados em comprar orgânicos no país. Como aproveitar melhor esta oportunidade?
Evandro: É necessário facilitar o acesso de produtores orgânicos ao acervo de tecnologias disponíveis nos centros de pesquisa, além de massificar as culturas do empreendedorismo e do associativismo nos núcleos de produção, principalmente porque a força produtiva fluminense se concentra nas mãos de pequenos produtores, em sua maioria, agricultores familiares. Além disso, é importante planejar as vendas. Atualmente, o produtor planta e depois verifica se há demanda para o produto. O ideal é que se faça o contrário. Deve-se analisar onde há demanda e formalizar o compromisso de compra, preferencialmente por meio de um sinal, para poder ter destino para a produção. É importante que isto se torne uma prática, que o pequeno produtor produza aquilo que já conseguiu vender. Principalmente, se considerarmos que ele lida com produtos altamente perecíveis, como as folhosas, que registram perdas elevadas. Estas perdas estimulam a produção em pequena escala, basicamente destinada a feiras livres, onde o pequeno produtor encontra maior liquidez.
Podemos afirmar que o Sebrae-RJ está compro-metido com o tema da sustentabilidade?
Também é uma visão nacional do Sebrae?
Evandro: Sem sombra de dúvidas. Todas as ações de desenvolvimento econômico promovidas pelo Sebrae têm como premissa levar em consideração aspectos relacionados ao meio ambiente, ao comércio justo, à tecnologia, ao associativismo, à educação e ao fortalecimento do empreendedorismo em geral, o que mostra, sem dúvida, nosso comprometimento com a sustentabilidade. Os projetos realizados no segmento dos orgânicos são uma boa prova disso.
O Rio de Janeiro está passando por uma série de eventos internacionais, que teve início em 2011 e seguirá, no mínimo, até 2016. Que ações comprometidas com a sustentabilidade o Sebrae-RJ planeja nestes anos?
Evandro: O calendário de eventos previstos para o Rio de Janeiro tem servido como pano de fundo para consolidação do portfólio de projetos do Sebrae/RJ. Em nossa carteira de projetos, estamos priorizando, ao máximo, aqueles que visam à promoção dos micro e pequenos negócios fluminenses de forma sustentável. Entre eles, o programa Sebrae 2014, que visa preparar os pequenos negócios para que aproveitem as oportunidades que vão surgir com a Copa e com as Olimpíadas, por meio de capacitações, consultorias e rodadas de negócios, que aproximarão os pequenos fornecedores das empresas que estão envolvidas na produção desses eventos esportivos. E a produção de orgânicos está inserida neste processo.
Nossa idéia é que os produtores orgânicos passem a fornecer para restaurantes e hotéis na época dos eventos esportivos, quando teremos maior fluxo de turistas estrangeiros, e que também sejam criados cardápios especiais com estes produtos, para incentivar o consumo, além de outras iniciativas.
A presença internacional será muito grande com eventos como Rio+20, Copa do Mundo e Olimpíadas. No seu ponto de vista, o Estado do Rio de Janeiro está preparado para oferecer serviços deste nível nesta sequência de eventos? Como o Sebrae-RJ pretende colaborar até estas datas com cursos e treinamentos?
Evandro: Sabemos que o desafio é muito grande, mas também temos consciência do potencial dos empreendedores do Rio de Janeiro. E é para prepará-los para aproveitar da melhor forma as oportunidades que vão surgir, que já começamos a desenvolver um trabalho com eles, por meio do programa Sebrae 2014. As empresas participantes passam por um diagnóstico, para avaliar seu nível de competitividade, e recebem um plano de desenvolvimento individual, que inclui capacitações, consultorias e ações de acesso a mercado, como rodadas de negócios. A idéia é que estas empresas invistam na melhoria de processos, produtos e serviços para que estejam devidamente preparadas para aproveitar as possibilidades de negócios. Com isso, estarão prontas não apenas para a Copa e para as Olimpíadas, mas para sempre, o que certamente contribuirá para o seu desenvolvimento.
Mesa de abertura do Seminário GreenRio realizado no auditório do Sebrae RJ dia 23 de agosto de 2011, sobre «Oportunidades e Desafios de uma Copado Mundo Sustentável».
Da esquerda para direita; Diretor do Sebrae – Evandro Peçanha, Secretario de Agricultura do Rio de Janeiro – Christino Áureo, Coordenador da Câmara Temática de Meio Ambiente e Sustentabilidade Copa 2014 – Claudio Langone, Diretora do Planeta Orgânico – Maria Beatriz Martins Costa.
Fonte: Revista Orgânicos&Cia
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