GALCI : uma ponte para contato com IFOAM na
América Latina e Caribe
Carlos A. Escobar – Moderador do Grupo GALCI – (eletrônico: GALCI-e) – atuou como intérprete e editor das diferentes opiniões e comentários dos membros do Grupo GALCI para realizar esta entrevista. Carlos quis deixar claro que não há somente um autor para estas respostas, que são o reflexo de uma consulta coletiva do Grupo GALCI.
PO: Quais são os principais objetivos do GALCI no mercado orgânico? |
GALCI – Grupo da América Latina e Caribe do IFOAM – é uma iniciativa em processo de construção coletiva que pretende converter-se em um espaço de integração, diálogo e intercâmbio horizontal que estimule e contribua ao fortalecimento do movimento orgânico latino-americano em todos os seus âmbitos (aspectos técnicos, sociais, econômicos, culturais, políticos, entre outros). Sob esta visão e, considerando o desenvolvimento do mercado orgânico, GALCI deseja propiciar ambientes que permitam a transferência de conhecimentos e experiências sobre mercados nacionais e internacionais. Além disso, que contribuam ao melhoramento da capacidade organizacional e favoreçam a construção de políticas que promovam o comércio (e consumo) ecológico eqüitativo e solidário.
Como é desenvolvida a interação com o IFOAM e quais são as perspectivas para os próximos anos? |
GALCI – é uma iniciativa regional em processo de melhoramento contínuo, reconhecida pela IFOAM dentro de sua estrutura organizacional. Inclusive, vários membros do GALCI fazem parte de diferentes Corpos Diretivos, Grupos de Trabalho e Projetos do IFOAM, o qual, de uma maneira ou outra, contribui com o desenvolvimento e crescimento do movimento orgânico latino-americano e do resto do mundo.
Do mesmo modo, GALCI, a procura de melhorar a comunicação interna e com o escritório central do IFOAM, desenvolveu desde 2003 uma plataforma eletrônica, sendo este o único espaço permanente de intercâmbio entre os membros.
Para o futuro, GALCI como grupo multicultural espera participar, junto com sociedades urbanas e rurais nos países latino-americanos, impulsionadas pela formação, fortalecimento e desenvolvimento de movimentos agroecológicos nacionais.
Quantas pessoas e instituições estão em contato atualmente com o GALCI? Como são feitas as reuniões ou discussões para trocar idéias e informações? |
GALCI – Por razões do estatuto, todo Membro e Membro Associado Latino-Americano do IFOAM faz parte do GALCI. Isto corresponde a 59 instituições que equivalem a 8% dos membros totais do IFOAM. Estas instituições se reunem em cada oportunidade tal como a Assembléia Geral do IFOAM, a feira BioFach Nuremberg, entre outros espaços. Ainda assim, o nível de participação não é o ideal.
A nível eletrônico, participam da plataforma 22 instituições membras da IFOAM, entre organizações não-governamentais, comercializadoras, certificadoras, centros de pesquisa, produtores e associações. Além disso, o processo de comunicação é enriquecido com a participação de diretores e consultores do IFOAM.
Desde o início do grupo, temos conseguido realizar ao menos 3 reuniões adicionais com fins de avançar na institucionalização do grupo dentro e fora do IFOAM. Hoje em dia, a plataforma eletrônica é o principal espaço de diálogo e intercâmbio entre os participantes do GALCI.
Como vê o desenvolvimento do mercado interno de produtos orgânicos na América Latina? |
GALCI – Ainda que o mercado interno de produtos ecológicos na América Latina não represente um papel importante nas economias nacionais, este mercado se encontra em uma valiosa e histórica fase inicial de desenvolvimento, podendo-se observar diferentes graus de desenvolvimento, de acordo com o país.
De maneira geral, esta fase inicial compreende, principalmente, a valorização do alimento ecológico como tal (vantagens do consumo), a geração de uma troca política a favor da agricultura ecológica (estabelecimento de regras nacionais, formulação de políticas, etc), a promoção de associações locais (produtores – comercializadoras, instituições, consumidores), nacionais e regionais e o estabelecimento de diferentes sistemas de garantia (por terceiros – certificadoras, por associações – produtor a produtor), entre outros âmbitos.
Existem claros exemplos do anterior na América Latina, sendo alguns deles as experiências valiosas da Bioferia Eco-Lógica no Perú, a Rede Ecovida no Brasil e RASA no México, onde o denominador comum com variações, é a comercialização coletiva, organizada, a vinculação com o consumidor através de uma nova relação, o encurtamento dos canais de comercialização e uma proposta política alternativa.
Qual é a importância de uma feira como a BioFach na América Latina neste momento? |
O desenvolvimento de uma feira BioFach em território latino-americano equivale a:
– um reconhecimento do movimento orgânico latino-americano, principalmente, pela participação no comércio internacional;
– um espaço de intercâmbio cultural, acadêmico e comercial entre latino-americanos e o resto do mundo.
Visto desta maneira, a realização de feiras orgânicas como a BioFach vão contribuir com o fortalecimento para o intercâmbio comercial entre nossos países e o resto do mundo; não obstante, também é a oportunidade para contribuir com o melhoramento dos mercados nacionais e, por que não, abertura de mercados regionais.
A feira BioFach é um aliado estratégico para o movimento orgânico na América Latina e Caribe, uma vez que ajuda a fortalecer a colocação da agricultura ecológica na agenda dos governos e organizações nacionais.
Entretanto, é importante mencionar que somente uma parte do movimento orgânico latino-americano tem informação sobre a feira BioFach e, portanto, o acesso a ela é limitado. Tal situação nos implica a refletir sobre as estratégias para que a feira BioFach se desenvolva e convoque um número maior de produtores, comercializadoras, consumidores, organizações, considerando a realidade latino-americana em termos sociais, econômicos e culturais.
Contatos com GALCI : galci_ifoam@yahoo.com
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