Entrevista com Claus Rättich, diretor da NürnbergMesse
Claus Rättich (44), juntamente com suas equipes, é responsável pela BioFach, Vivaness e mais 8 feiras comerciais internacionais, assim como as vendas e marketing externos da NürnbergMesse em mais de 50 países. Como gerente geral da NürnbergMesse Beteiligungs-GmbH, subsidiária da NürnbergMesse que detém participações em várias feiras comerciais, ele é responsável também pelas atividades internacionais de fusões e aquisições do grupo de empresas NürnbergMesse. Claus Rättich estudou Administração e Economia em Augsburg, Alemanha, e em Yale, EUA, e começou a trabalhar na NürnbergMesse em 1993. É membro da diretoria desde 2000.
Como o senhor vê o crescimento do mercado de produtos naturais para cuidados pessoais nos últimos anos?
Naturalmente, estou muito satisfeito em observar que o mercado de cosméticos naturais ainda está crescendo consideravelmente. Os produtos naturais para cuidados pessoais representam um mercado com um alto potencial, que tem se desenvolvido de maneira muito dinâmica no decorrer dos últimos anos. Especialistas estimam o volume do mercado alemão em 2006 em cerca de 650 milhões de Euros. Isto significa que o mercado dobrou desde 2003 (Relatório da Industria sobre Cosméticos Naturais, Alemanha, 2004).
As taxas de crescimento na Alemanha se tornaram mais moderadas agora e estão entre 5 e 10%. A participação das exportações no faturamento total está aumentando. Os EUA, o Japão, a Coréia e Taiwan são mercados que se destacam, nos quais os lideres alemães do mercado mundial estão registrando taxas de crescimento entre 50 e 100%. Espera-se crescimento de 50% nos EUA até 2010 (Congresso BioFach 2006, Organic Trade Association – OTA, EUA). O interesse por produtos naturais para cuidados pessoais também está crescendo na Europa, especialmente nos grandes mercados da França e da Grã Bretanha. A demanda por cosméticos naturais produzidos na Alemanha é particularmente alta. Algumas das maiores empresas alemãs, por exemplo, estão ganhando cerca de um terço de seus lucros no exterior. Acho que a situação nesse mercado é muito promissora.
O que levou a NuernbergMesse a desenvolver a Vivaness?
Assim como o próprio mercado de produtos naturais para cuidados pessoais, a exposição de produtos dos lideres mundiais do mercado em Nuremberg tem se desenvolvido de maneira excelente:
Vimos tanto o número de expositores quanto o espaço alugado dobrarem desde o ano de 2000. Mais de um em cada três visitantes na BioFach 2006 (36%) também estava interessado em produtos naturais para cuidados pessoais. Em vista do alto potencial e das novidades no mercado, além da feira comercial em Nuremberg, decidimos desenvolver a Vivaness como uma feira comercial dentro do conceito geral da BioFach.
A Vivaness – Feira Comercial para Cuidados Pessoais Naturais e Bem-estar (Natural Personal Care and Wellness) – estreou como evento paralelo à BioFach, de 15 a 18 de fevereiro de 2007. A nova Feira Comercial para Cuidados Pessoais Naturais e Bem-estar teve uma estréia fantástica, e os 164 expositores – bem uns 70% a mais em comparação com 2006! – encheram toda a sala 7A. A Vivaness estendeu sua gama de produtos em 2007 para incluir os segmentos de medicamentos naturais, bem-estar e presentes, e acessórios.
Expositores e visitantes à Vivaness experimentaram um banquete para os sentidos. Os produtos líderes foram arranjados em exibições que chamavam a atenção, aromas agradáveis e tapetes da cor do Sol abafavam o nível de ruído. Os visitantes foram convidados a provar o mundo da Vivaness.
A certificação no mercado de produtos naturais para cuidados pessoais é considerada uma questão chave. Quais são as certificações necessárias para ser um expositor na Vivaness?
Naturalmente, a certificação é uma questão chave para todos os produtos orgânicos e também, portanto, para os produtos naturais para cuidados pessoais. Um conjunto de regras desenvolvidas especialmente para esse propósito determinou o que vem sendo admitido como produto natural para cuidados pessoais desde 1997, anteriormente na BioFach e agora na Vivaness.
Em termos gerais, os ingredientes dos produtos naturais para cuidados pessoais devem ser orgânicos, mas isto não é obrigatório. Todos os ingredientes têm que ser declarados nos produtos (INCI, CTFA). Os ingredientes não podem ser danosos ao meio ambiente ou à saúde, ou em situação ecológica crítica. Também, não é permitido que os produtos sejam testados em animais.
Nesse meio tempo, sistema de admissão para a Vivaness assumiu a natureza de um selo de qualidade: Fabricantes usam o fato de que seus produtos são admitidos para apresentação na Feira Comercial Mundial de Orgânicos para propósitos de promoção. Alem disso, os resultados das diretrizes emitidas em 1999 pelo “Grupo de Trabalho sobre Cosméticos Naturais” da BDIH (União Federal dos Empreendimentos Indústrias e Comerciais da Alemanha) também são incorporados nos critérios de admissão da Vivaness. O selo de qualidade “Cosméticos Naturais Certificados”, introduzido pela BDIH em 2001, significa que o consumidor pode confiar num alto padrão de qualidade, controle freqüente e ingredientes seguros.
Cerca de 60 empresas atualmente usam esse selo para mais de 2.500 produtos certificados. Ele estabelece padrões nos quais muitos fabricantes baseiam seus produtos, mas falta um selo internacionalmente aceito para produtos naturais para cuidados pessoais no qual o consumidor possa confiar. As associações têm reconhecido isso e estão trabalhando na busca de solução conjunta.
Como estão os paises latino-americanos no mercado de cosméticos?
O interesse por cosméticos naturais na BioFach América Latina é muito alto. Entre os expositores de 2006, por exemplo, encontrava-se a Weleda do Brasil Lab. e Farm. Ltda.. A Weleda está representando também um dos grandes nomes do mercado alemão de produtos naturais para cuidados pessoais.
Entre os expositores brasileiros estava a Florestas Ind. Com. Produtos de Beleza Ltda.uma fabricante de cosméticos naturais e orgânicos certificada pelo Ecocert e pelo IBD, que também participaram na exposição.
Já há alguns participantes presentes no mercado latino-americano, e acho que os países latino-americanos têm um alto potencial de crescimento, tanto no lado do consumo quanto no lado da oferta. Fico muito satisfeito que a BioFach América Latina ofereça uma plataforma para esse mercado promissor.
Como o senhor vê a BioFach América Latina no cenário internacional do mercado orgânico?
A BioFach, a feira comercial mundial de orgânicos, representa um conceito global, BioFach a nível mundial. Dentro desse conceito, a BioFach América Latina desempenha um papel importante, e também o faz no cenário internacional do mercado orgânico como um todo. Basta observar o fato que quase 25% de toda a área agrícola com certificação orgânica no mundo está localizada na América Latina, e o Brasil está entre os seis primeiros países! De acordo com Roberto Gianetti, Diretor da FIESP para Relações Internacionais e Assuntos Externos, o mercado brasileiro tem um potencial de crescimento anual de 25%.
No que tange ao mercado latino-americano, as previsões econômicas gerais para 2007 são animadoras: a América Latina aumentará seu Produto Interno Bruto em cerca de cinco por cento, de acordo com estimativas da Associação Ibero-Americana. O crescimento do setor orgânico deverá ser notadamente maior. Isso é mostrado pelos últimos anos, quando os produtos orgânicos tiveram desempenho excelente, com taxas de crescimento acima de 20 por cento, tanto no mercado de exportação quanto no mercado interno.
No entanto, eu gostaria de acrescentar que o nosso compromisso não se limita à exposição em si. Vários participantes muito comprometidos, que estão convencidos do grande benefício da agro-pecuária orgânica para o país e seu povo e do grande valor dos alimentos orgânicos para a saúde, estão apoiando ativamente a expansão do setor orgânico na América Latina. A rede constituída por Nürnberg Global Fairs, Planeta Orgânico, Deutscher Investitions- und Entwicklungsgesellschaft (DEG) e diversas instituições oficiais e semi-oficiais na América Latina estão fazendo uma contribuição importante para o desenvolvimento sustentável em termos ecológicos, econômicos e sociais.