Roberto Torres

 

O mercado de produtos orgânicos, ou seja, produzidos sem agrotóxicos ou adubos químicos e com a preocupação de preservar o meio ambiente, vem crescendo em todo o mundo e o Brasil segue essa tendência.

A análise da cadeia do agronegócio orgânico no Brasil e no exterior identifica um grande potencial nesse segmento para responder ao esforço governamental de incrementar a geração de emprego e renda e as exportações, por tratar-se de um sistema que emprega muita mão-de-obra e possui mercado interno e externo com forte demanda.

Houve um período em que agricultura orgânica era vista, por alguns, como idealismo de naturalistas que cultivavam a própria horta por se recusarem a comer hortaliças e legumes produzidos com adubo químico e agrotóxicos. E, por outros, como um retrocesso, uma volta ao passado.

Diferentemente do que se pensava e do que se praticou antigamente, a produção orgânica representa, hoje, um modelo viável de agropecuária, baseado em novas tecnologias, que atendem aos princípios de produtividade, rentabilidade e qualidade.

O Banco do Brasil, maior agente financeiro da agricultura brasileira, atento às oportunidades negociais dessa cadeia e ciente de que o apoio creditício é fundamental para o seu desenvolvimento, principalmente quando se trata de mini e pequeno produtor, criou um mecanismo que permite o acesso do produtor orgânico ao crédito rural, antes dificultado pela inadequação das normas às características peculiares desse sistema de produção.

O BB AGRICULTURA ORGÂNICA é um instrumento diferenciado de apoio e financiamento à agricultura orgânica, que permite assistência creditícia ampla e imediata aos produtores rurais, pessoas físicas ou jurídicas, nas linhas de crédito rural existentes, respeitando as exigências e peculiaridades do segmento, baseadas na certificação da qualidade orgânica do produto, fornecida por certificadoras reconhecidamente idôneas.

Como diferencial de atendimento, o Banco dá prioridade ao exame das propostas, ao direcionamento dos recursos e à contratação das operações enquadradas no BB Agricultura Orgânica.

Ao implementar o BB AGRICULTURA ORGÂNICA, o Banco do Brasil está contribuindo para o fortalecimento de um segmento sintonizado com as exigências do consumidor e detentor de avançadas tecnologias, agregador de valor e gerador de produto com a qualidade demandada pelos mercados nacional e internacional.

Ao mesmo tempo em que apóia mais de 500 pequenos produtores orgânicos certificados pelo IBD-Instituto Biodinâmico de Botucatu e pela a AAO-Associação de Agricultura Orgânica, o Banco do Brasil é o agente financeiro, no Mato Grosso, do maior produtor de soja orgânica do mundo.

Exemplos como o do Paraná, onde uma das lavouras de soja orgânica financiadas pelo Banco, com toda a produção antecipadamente comercializada, produtividade de 10% superior à Estadual obtida em uma área de mais de 250 ha e preço 50% superior ao da média da agricultura tradicional do Estado, por certo estimulam a rápida expansão desse mercado.

Segundo a FAO, o mercado mundial de produtos orgânicos crescerá 20 vezes, até 2005, atingindo a cifra de US$ 100 bilhões. No Brasil, conforme dados da FIPE (SP), a taxa de crescimento interna do setor é de 20% ao ano e o valor da produção orgânica em 1999 foi estimado em US$ 150 milhões.

Todavia para que esse nicho de mercado, que cresce em todo o mundo, continue atraindo produtores brasileiros, necessário se faz que todos os participantes desse segmento do agronegócio, sejam eles privados ou públicos, se unam para resolver, no nosso entendimento, três gargalos hoje existentes:

a) a rápida expansão dos serviços de certificação e certificadoras, sem perda de qualidade e reconhecimento pelos principais mercados compradores, de forma não só a ampliar a sua oferta no mercado como reduzir drasticamente os custos bancados pelos produtores com os serviços da espécie;

b) a estruturação do mercado ofertante, principalmente de mini e pequenos produtores, em formas associativas e mesmo empresariais, visando assegurar maior competividade e preços;

c) a estruturação de normas, procedimentos e crédito, com fontes e taxas competitivas, com vistas a apoiar a transição da agricultura tradicional para a agricultura orgânica, uma vez consideradas as dificuldades enfrentadas com produção e produtividades durante esse período.

A busca de uma melhor qualidade de vida inclui o bom manejo das questões ambientais e a preocupação com a saúde e a contaminação de alimentos por resíduos de agrotóxicos, e o Banco do Brasil está alinhado com essas tendências.

Roberto Torres é o responsável pela Gerência Técnica e de Negócios da Produção, da Unidade de Negócios Rurais e Agroindustriais do Banco do Brasil.