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Os modelos de produção animal desenvolvidos na Europa e América do Norte nos últimos 30 anos, se caracterizaram como sistemas intensivos de alta produtividade. Estes modelos têm como base a concentração de uma alta população animal por área ocupada, tanto nas criações de bovinos, suínos (porcos), aves e outras. Esta intensificação gerou, em um curto prazo, diversos problemas que inviabilizaram técnica e economicamente os sistemas de produção.

Os resultados técnicos podem ser exemplificados com o advento do “mal da vaca louca” na Europa: os resultados econômicos se caracterizaram pela redução das margens de lucro e uma eterna ilusão que a escala de produção iria viabilizar estes modelos.

A partir daí, os animais domésticos passaram a ter as chamadas “enfermidades da civilização”, que são males que provém de cruzamentos genéticos equivocados, alimentação cada vez mais artificial, atividade reprodutiva com influência de produtos químicos e, principalmente, instalações totalmente inadequadas. Diversas doenças começaram a surgir e consequentemente constatou-se que os modelos produziram mais problemas que resultados. Além disto, podemos também constatar os impactos causados por este modelo de intensificação no meio ambiente: como exemplo, temos a contaminação dos recursos hídricos, que também atinge os próprios animais quando estes passam a consumir uma água de má qualidade.

Em resumo, podemos concluir que os sistemas produzidos nos últimos anos não consideraram um fator básico para um desenvolvimento racional das criações animais: o bem estar dos animais. Atualmente, pesquisas vem comprovando que o fator “bem estar animal ” é determinante na viabilidade técnica e econômica dos sistemas de produção animal. A partir desta premissa básica é que poderemos definir os modelos mais adequados para a nossa realidade, evitando novos equívocos como foi a implantação de sistemas super intensivos .

Os princípios gerais da criação de animais em sistemas agroecológicos são baseados na idéia de que as espécies e raças de animais devem ser escolhidas a partir da sua capacidade de adaptação as condições edafo-climáticas ( de solos e clima) de cada propriedade. O estudo da bioclimatologia animal já define muito bem as limitações e potencialidades deste potencial de adaptação dos animais ao meio ambiente ( solo , clima, etc. ). Baseando-se nos princípios desta matéria científica é possível realizar a escolha adequada da espécie e raça a ser trabalhada. A partir desta escolha é fundamental definir o manejo da criação de forma a considerar o comportamento natural do animal que vai ser trabalhado. De acordo com os princípios agroecológicos o manejo não poderá ser dependente de recursos tecnológicos e de altos investimentos, as técnicas devem ser naturais e localmente adaptadas. Quanto aos aspectos de manejo sanitário deve-se recorrer as técnicas veterinárias alternativas, como a fitoterapia e a homeopatia ( já disponíveis no mercado ).

Segundo as diretrizes da Associação de Certificação “Instituto Biodinâmico” ( IBD ) para a criação animal e produtos de origem animal ” Em toda a criação, deverá considerar-se as necessidades do animal em relação a espaço, movimentação, aeração, proteção contra o excesso de luz solar direta, acesso á água e forragem , comportamento próprio da espécie, para evitar o estresse. Para manejo semi-confinado de bovinos, caprinos, ovinos e suínos deve ser garantido um mínimo de 1 m2 de espaço para cada 100b Kg de peso vivo. Para aves o espaço mínimo garantido deve ser de 5 aves por m2, com acesso a luz solar direta e forragem. ” . Enfim, as normas de produção animal levam em consideração o bem estar animal em primeiro lugar para posteriormente podermos esperar um resultado produtivo compatível com a capacidade de produção de cada espécie e cada raça.

A partir deste princípio, é necessário a análise dos impactos da produção animal sobre o meio ambiente, primeiramente deve considerar o impacto sobre a paisagem natural. Também é necessário se objetivar o menor impacto possível ao solo, a flora, a fauna e principalmente aos recursos hídricos ( rios, fontes de água, represas, lagos , etc. ). Um bom exemplo a ser citado é em relação aos impactos causados pelo modelo de formação de pastagens e seu manejo intensivo: este modelo gerou a curto prazo diversos impactos como processos desertificação, aparecimentos de erosões, queimadas indiscriminadas, aparecimento de novas pragas e outros. Todos estes impactos contribuem para concluirmos que o maior prejudicado é o ser humano e sua saúde, ou seja além de todos os malefícios ao meio ambiente que interferem na qualidade de vida humana, o alimento produzido por estes sistemas é de péssima qualidade.

A respeito dos riscos para a saúde humana originados pelo modelo convencional de pecuária, a Revista Brasileira Agropecuária alerta: “A pessoa humana é afetada de diversas formas pelos sistemas de produção animal, seja na ingestão de água e alimentos contaminados, no trabalho de aplicação de agrotóxicos ou na exposição a ambientes insalubres. Foram constatados resíduos de medicamentos veterinários e agrotóxicos no leite de vacas e mulheres, com reflexos em crianças que deles se alimentaram. Câncer e leucemia em humanos têm sido associados ao uso de produtos químicos em animais”.

Diante destas comprovações feitas pela comunidade científica, devemos realmente rever os princípios básicos dos modelos de produção animal e desenvolver novos modelos com pilares sustentáveis e que permitam um mínimo de segurança alimentar e sanitária ao ser humano.

Fonte: Agrosuisse Ltda.; 2001.
Revista Agropecuária Brasileira – Ano I – nº 09
Diretrizes – IBD – edição 2000.
Produção Orgânica – Carne Bovina – Manual n 258 – Centro de Produções Técnicas.

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Por que as vacas estão loucas?
de Alexandre Harkaly
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