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Manejo sanitário
O manejo sanitário para a pecuária orgânica sempre foi o maior dos desafios para a implantação de sistemas agroecológicos. Hoje a pesquisa já conquistou avanços significativos através da homeopatia veterinária, da fitoterapia e da utilização de microorganismos benéficos. De acordo com a veterinária e pesquisadora Sra. Maria do Carmo Arenales, no seu livro, “Produção Orgânica de Carne Bovina”, o princípio básico da homeopatia é a utilização de medicamentos dinamizados que são preparados a partir de substâncias animais, vegetais, minerais ou tecidos doentes. Na dinâmica dessa preparação, a matéria oriunda dessa substância impregna as moléculas do álcool ( ou de açúcar ) utilizado, deixando em tais moléculas suas impressões energéticas, sem alterar sua forma química. Segundo Arenales, a proposta da homeopatia na produção de alimentos de origem animal é a tentativa de reverter uma realidade na qual “cerca de 3 milhões de toneladas de agrotóxicos, anualmente são despejados no planeta, contaminando o solo e a água, os animais e os vegetais. Consequentemente, toda a contaminação e os efeitos residuais se voltam contra o ser humano. “
Para o manejo agrocológico são permitidos medicamentos de origem natural tais como : preparados minerais, purgantes, vitaminas, plantas medicinais e eletrólitos. Não são permitidos antibióticos de nenhuma natureza. As vacinas exigidas legalmente pela fiscalização sanitária são permitidas e devem ser aplicadas dentro dos prazos determinados por lei. Em resumo, o manejo sanitário da pecuária orgânica baseia-se em diversas medidas preventivas que tornam os animais mais sadios, diminuindo o risco de contraírem doenças.
Os sistemas agroecológicos de produção animal apresentam uma tendência de serem desenvolvidos ao ar livre com ocupação de áreas com suas características naturais, ou seja, de integrar os animais às condições naturais do ambiente, tornando os animais adaptados a estas condições naturais.Este modelo já esta sendo bastante difundido, em diversos países existe um aumento significativo das áreas de pastagens em manejo orgânico.
Manejo Agroecológico das Pastagens
O manejo agroecológico das pastagens é uma medida que viabiliza técnica e economicamente uma propriedade de pecuária em função de serem modelos de baixo custo com uma otimização dos potenciais naturais das áreas. O precursor deste princípio foi o pesquisador francês André Voisin, que definiu um sistema de rodízio dos pastos a fim de que se permita um período de pastejo com uma lotação adequada e um período de descanso, suficiente para a recomposição vegetal das forrageiras existentes nos pastos. Este princípio considera também como fundamental a diversificação das espécies vegetais dentro das áreas de pastagens. Em sistemas de pastejo contínuo ocorre uma seleção negativa das plantas com predominância de poucas espécies; diminuindo a diversidade de forragens e consequentemente diminui a qualidade dos pastos.
O primeiro passo a ser realizado dentro de uma propriedade que objetiva o início da pecuária orgânica é a certificação da unidade de produção, ou seja, deve-se adotar medidas que enquadrem todo o sistema dentro da agroecologia, pois, a certificação é voltada para processos de produção e não apenas para um único produto agropecuário.
Dentro dessa ótica, as técnicas de manejo da criação devem objetivar atender as necessidades fisiológicas dos animais de forma a permitir que estes satisfaçam suas necessidades básicas de um comportamento natural e racional. O sistema deve proporcionar suficiente liberdade de movimento, ar fresco , luz natural , espaço de acomodação e descanso, água fresca e alimento natural. Os materiais a serem utilizados nas instalações, não devem ser provenientes de processos que utilizaram produtos químicos nocivos à saúde humana ou a saúde dos animais. Não são permitidos sistemas que os animais não tenham contato com a terra e nem sistemas que mantenham animais de forma individualizados.
Os sistemas de produção agroecológicos também devem buscar produtividade, equilíbrio, estabilidade, resistência, confiabilidade, adaptabilidade e uma gestão eficiente. Todas estas premissas são fundamentais para atingir um sistema de produção pecuária verdadeiramente “orgânico”. Portanto, o crescimento da pecuária orgânica deve ser baseado numa visão holística que promova a “maturidade” ambiental e socioeconômica da propriedade, através do uso racional dos recursos naturais, da diversificação de espécies e da integração de atividades dentro da propriedade, fundamentais para o sucesso do empreendimento.
Fontes:
Agrosuisse – Serviços Técnicos Agropecuários Ltda.
Livro “Produção Orgânica de Carne Bovina”, Maria do Carmo Arenales, Ed.: Centro de Produções Técnicas.
Diretrizes do Instituto Biodinâmico – IBD ano 2000.
Normas Técnicas de Certificação de Produção – ABIO, 2001.